quarta-feira, 8 de outubro de 2014

EU E MEU FILHO



Pablo Casals foi um famoso violoncelista, regente e compositor espanhol, que morreu no ano de 1973.
Certa vez, ele escreveu a respeito do momento único do Universo, um momento que jamais vai se repetir.
O momento que estamos com nosso filho.
E o que ensinamos ao nosso filho? - indaga o compositor.
Ensinamos coisas que lhe valerão para a vida, para o mundo das formas em que nos agitamos.
Ensinamos que dois e dois são quatro. Ensinamos que a capital da França é Paris; que a Espanha fica no continente europeu.
Ensinamos sobre relevo, para que ele saiba a diferença entre um planalto, planície, morro, uma montanha.
E onde fica a Cordilheira dos Andes, os Balcãs, o Oceano Atlântico.
Ensinamos que o Sol é uma estrela de quinta grandeza, que a Terra se move ao redor dele, num concerto harmonioso.
Que o Sol viaja pelo espaço, levando consigo a sinfonia dos mundos que o rodeiam. Que a Lua dos enamorados é um satélite da Terra.
Sim, ensinamos muitas coisas.
São coisas importantes. Nosso filho crescerá, se tornará profissional, regerá sua própria vida.
Movimentar-se-á pelas vias do mundo, produzindo, semeando, interferindo em outras vidas com a sua maneira de agir, de ser.
Tudo, graças ao que lhe ensinamos.
Mas, naquele momento único, mágico, em que estivemos com ele, nós lhe dissemos que ele é uma maravilha?
Que não existe sobre a face da Terra nenhum ser igual a ele?
Nós lhe informamos sobre as maravilhas do Mundo Antigo e Moderno e o fizemos se encantar com elas.
Mas, dissemos como ele é especial?
Alguma vez lhe dissemos: Você sabe que é uma pessoa única? Desde o começo do Mundo, nunca houve outra criança como você.
Suas pernas, seus braços, seus dedos, a maneira como você se movimenta, as coisas que diz, os gestos que faz, tudo isso é único, é só seu.
Você pode se tornar um Shakespeare, um Michelangelo, um Beethoven.
Você é capaz de fazer qualquer coisa. E, quando crescer, vai poder ter um filho que será como você, uma maravilha. Sabe?
Isso, com certeza, tornará nosso filho capaz de enfrentar muitos desafios.
Esta mensagem o acompanhará aonde quer que vá. Quando o mundo tentar lhe dizer que ele é um fracasso, ele recordará do nosso recado.
Quando o desapontamento por um revés tentar colocar em seus ombros o manto da tristeza, ele lembrará da nossa mensagem.
Quando o namoro acabar, quando a nota alcançada no concurso não for a esperada, quando o dia se apresentar cinzento, ele recordará...
E, recordando, erguerá a cabeça, ajustará os ombros, e dirá a si mesmo: Posso não ter vencido o concurso, mas eu tentei.
Não consegui o emprego almejado, mas realizo muito bem o meu trabalho.
Não ganho tanto quanto eu desejara, mas tenho certeza de que sou muito bom naquilo que faço.
Eu sou uma maravilha, sou um filho de Deus, especial.
Ninguém, no Mundo, é igual a mim.
E continuará em frente, avante, para o alto.

ESQUIZÓIDES



Reconheça uma pessoa esquizoide antes de se apaixonar
O terapeuta italiano Walter Riso reuniu todos os tipos de destroçadores de corações no livro "Amores de Alto Risco - Os Estilos Afetivos Pelos Quais Seria Melhor Não se Apaixonar: Como Identificá-los e Enfrentá-los" (L&PM Pocket, 2011).
Divulgação
Livro explica tipos de amor dos quais devemos nos precaver
Na concepção do autor, são oito os tipos de amantes que podem nos afastar da felicidade e da troca efetiva de boas experiências e sentimentos: o "histriônico-teatral", dono de um amor torturante, o "paranóico-vigilante", com o amor desconfiado, o "passivo-agressivo", com o amor subversivo, o "narcisista-egocêntrico", com o amor egoísta, o "obssessivo-compulsivo", com o amor perfeccionista, o "antissocial/encrenqueiro", com o amor violento, o "esquizoide-ermitão", com o amor desvinculado ou indiferente, e o "limítrofe-instável", com o amor caótico.
De acordo com Riso, um dos tipos que mais causa sofrimento é o esquizoide, formado pelos indivíduos que se isolam afetivamente do companheiro em uma forma de agressão silenciosa. Segundo o italiano, essas pessoas sofrem de certo analfabetismo emocional e de falta de empatia, com ausência quase absoluta de erotismo. Mesmo assim, não é difícil cair nas teias delas.
"(...) muitas pessoas se envolvem e terminam entrando no jogo do amor desvinculado. Talvez porque, no começo da relação, o sujeito esquizoide não se pareça em nada com um buraco negro e ninguém suspeite da sua incapacidade de dar e receber afeto. A impressão que costumam causar durante a conquista é de que são pessoas respeitosas e um pouco misteriosas, o que, sem dúvida, atrai seus pretendentes. O disfarce é quase perfeito: a) "boas pessoas", porque enquanto não se sentem invadidas, não são agressivas; b) "respeitosas", porque o seu distanciamento é percebido inicialmente como tolerância e consideração; e c) "misteriosas", porque devido à sua fobia pela intromissão costumam ser muito reservadas no que diz respeito aos assuntos pessoais."
O terapeuta alerta que o maior perigo deste estilo afetivo é que os "defeitos" aparecem apenas depois que o vírus do amor já foi disparado. "Só quando se está apaixonado por alguém assim é que se pode sentir o rechaço em sua plenitude e a frieza do ermitão afetivo: esse é o cruel paradoxo."
Riso ilustra cada caso com histórias vividas por seus pacientes e explica no livro quais são os tipos de personalidades mais vulneráveis aos esquizoides. O autor fala sobre a possibilidade de se conviver com uma pessoa com essas características e dos riscos de seguir seus caminhos e se transformar em um "esquizoide falsificado".
Veja trecho de "Amor de Alto Risco" sobre como identificar um esquizoide antes de se apaixonar.
Em princípio, é preciso suspeitar de qualquer um que se proteja demais com segredos e com atitudes defensivas exageradas. O esquizoide se limitará a ser formal e amável, mas evitará qualquer tipo de pergunta ou atitude que implique se comprometer emocionalmente com os demais. Os paranoides e alguns obsessivos também demonstram receio que os outros se intrometam nas suas vidas; porém, no esquizoide não aparecem o delírio de perseguição do paranoide nem a assepsia do perfeccionista.
A alexitimia não pode ser dissimulada com facilidade. A inexpressividade verbal e gestual, assim como a pouca vida interior que os caracteriza não passarão despercebidas. Seu discurso vai ser monótono e carente de energia, parecido com o que ocorre com o passivo-agressivo. Terá muito poucos amigos e você vai notar que ele é indiferente à opinião dos demais, assim como à dor e à alegria alheia.
Mas onde o estilo esquizoide se faz mais evidente é quando se depara com temas como o amor, a amizade, a paixão, as fantasias e a compaixão. Ou seja, as questões em que o fator humano e a sensibilidade ganham mais força. Em poucos encontros, o efeito atração-repulsa será inevitável: quanto mais você se aproximar dele ou dela, mais se afastará; quanto mais amável você for, mais distante será o comportamento dele o dela. E, rapidamente, você estará brincando de gato e rato.
Algumas das seguintes pautas poderão servir como guia:
- Suas respostas emocionais tenderão a ser planas e pouco expressivas.
- Não desfrutará muito das relações íntimas. Vai aceitá-las a contragosto, sempre e quando não houver compromisso.
- Você sentirá que deve tomar a iniciativa quase sempre em relação a tudo, mas a sua negligência não será motivada por intenções subversivas, como no caso do passivo-agressivo. Simplesmente, "dará no mesmo" para ele, pois nada o deixa entusiasmado.
- Será uma pessoa solitária, com poucos amigos e terá uma história afetiva muito pobre.
- Quando você perguntar das suas expectativas ou dos seus sonhos, perceberá que as suas metas e a sua vida interior são pobres. Pecará por um realismo cru, como se as suas fantasias não pudessem ir mais além do concreto.
- Vai lhe dar a impressão de estar diante de uma pessoa imune às críticas e aos elogios dos demais.
- Se você falar de amor, ele ou ela evitará se envolver na conversa. O incômodo ficará evidente.
O estilo esquizoide, juntamente com o antissocial, representa a máxima expressão da indiferença: uma passiva, a outra ativa. Mas enquanto o antissocial tentará seduzir com uma atitude encrenqueira para logo usar você, o ermitão procurará relações circunstanciais que não lhe solicitem esforço afetivo. O estilo esquizoide não dá nem recebe, apenas basta a si mesmo. *