NEMO
"hiperatividade: FILME COMENTADO
Publicado em 15 de fevereiro de 2007 - 23:38:54
Descobri um texto super-interessante que exemplifica, de maneira lúdica, um dos vários perfis do TDAH - o tipo desatento. No site www.medicinadocomportamento.com.br, Mirian Marchiori analisa alguns filmes à luz do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, entre eles, "Procurando Nemo".
Talvez seja uma forma "light" de pais e professores utilizarem o personagem e a história para identificar seus filhos ou alunos, usá-los como modelo para momentos de conscientização ou trabalho de mudança de comportamento, ou ainda, como recurso para informação e capacitação.
"Nemo é um peixinho-palhaço (de cor laranja, rajadinho de branco), sobrevivente de um ataque de um predador que matou sua mãe (Coral) e todos os seus futuros irmãozinhos, ainda em ovas. Seu pai (Marlin), agora viúvo, tímido e muito medroso, passa a superprotegê-lo, sem muito sucesso.
Nemo, animado, destemido, impulsivo e desbravador (olha o TDAH aí, gente!), vai em busca do perigo, é fisgado por pescadores e acaba virando ornamento de um aquário em Sydney, na Austrália. Marlin, desesperado, tenta encontrar seu filho de qualquer jeito, mas sem a ajuda da simpática peixinha azul Dory – que ele conhece no meio do caminho - isso jamais seria possível.
Dory, é tudo de bom! Tirando os exageros, que todo desenho animado exibe, Dory, ao meu ver, é a típica TDAH que vive no mundo da lua: sonhadora, criativa, atrapalhada, desastrada, esquecida, perdidinha da “silva” e falante (noooossa!). Ouvi críticas e críticas sobre o seu “desempenho”: fala demais, é irritante, saturou um pouco o espectador, deram muito ponto pra ela, exageraaaaada! Mas, cá entre nós, Dory roubou a cena de qualquer um.
Marlin, em busca de seu filho Nemo, passou sufoco nas “mãos” de Dory. Vivenciou situações extremamente constrangedoras pelo seu jeitinho tão especial e extravagante de ser, bem como pelas suas tremendas gafes sociais, como, por exemplo, chamar uma respeitosa baleia de “miudinho” e tentar se comunicar com ela falando “baleiês” (cena hilária e inesquecível). Não deu outra: a baleia foi lá e papou os dois.
Quando eles se conheceram, Marlin até fez um jogo duro, dizendo que ela tinha um “parafuso solto” e que não tinha tempo a perder. Mas depois, como todo bom TDAH, Dory foi cativando... cativando... cativando... que até nós, os grandalhões, ficávamos com aquela carinha boba, contente quando ela aparecia, esperando a próxima confusão que iria arrumar e suas mágicas soluções.
Já, quase no finalzinho, o desesperançado Marlin, desistindo de procurar Nemo, pede para sua companheira de jornada Dory seguir o seu próprio caminho. E nesse diálogo entre os dois, está lá, mais uma vez, algo típico de TDAH: “Ah não, não me deixe sozinha. Você foi a única pessoa que conseguiu ficar comigo por tanto tempo!”.
É, pessoal, as pessoas com TDAH sofrem de baixa auto-estima, medo da rejeição e não é pouco não! Fazer isso com alguém com TDAH é deixá-lo à mercê de seus próprios transtornos. Dory é uma amigona e tanto, e demonstra felicidade quando pode ajudar e ser útil, mesmo com seus desacertos. É ela quem incentiva Marlin, todo o tempo, a encontrar seu filho único com sua cadência sempre bem humorada: “Continue a nadar! Continue a nadar!”. Pessoas com TDAH são sempre boas companheiras e, muitas vezes geniais, quando lhes damos a chance de demonstrarem seus talentos e potencialidades natos.
Lógico que essa história tinha que ter um happy end. Nemo volta pra casa e adivinhem quem é a responsável por isso? Dory, é claro! Dá vontade de levar pra casa, não dá?"
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