CONTOS DE FADAS
Um dia desses conversava com Pedro sobre a história de JOÃO E MARIA, perguntei se já ouvira alguma vez e ele me disse que não.
Olhei para aqueles olhinhos negros e brilhantes e me deu uma tristeza infinita de pensar que o meu neto estava perdendo a melhor parte da sua infância: a delícia de entrar no paraiso sonhador do conto de fadas.
Sinto ainda hoje o cheiro da maçã de Branca de Neve, ouço a valsa da Cinderela e lembro-me da torcida que fazia para que o sapatinho de cristal entrasse no pezinho delicado de Gata Borralheira.
Oh!! Meu Deus!!! Era assim que eu matava minhas bruxas e chorava com Joãozinho e Maria a tristeza do abandono dos pais que saiam para o trabalho duro, em busca do pão de cada dia.
Fui alfabetizada com os cartazes de LILI, como chorei porque a meia dela estava furada e ela não sabia coser, como haveria de ser?
Sinto ainda hoje o gosto dos bolinhos de Tia Nastácia e lembro-me do quanto era grande a ansiedade para chegar o dia seguinte e ouvir da professorinha o próximo capítulo da história de Narizinho.
Saudades, muitas saudades do tempo de outrora...
Tristezas, muita tristeza do tempo agora...
Não tínhamos psicólogas, mas nadávamos de braçadas nos contos de fadas e mandávamos para o lixo toda nossa frustação, todo nosso trauma, toda nossa angústia ...
Não tínhamos skate, mas tínhamos carrinho de rolimã, não tínhamos blay blayd, mas tínhamos pião de madeira e cordão encerado...
A boneca de papelão comprada na loja do senhor Sebastião Gontijo tinha o rostinho mais lindo do mundo!
É...A gente era feliz e não sabia...
A gente não corria tanto e tinha tempo para brincar...
A gente não tinha tanto estudo, mas tinha tempo para sonhar.
Cleide Menezes
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