Propriocepção:
tratamento terapêutico para corrigir e evitar lesões
Percepção
dos movimentos do próprio corpo é essencial na fisioterapia e um caminho para a
alta performance
Chris Bertelli, iG São Paulo | 25/06/2011 07:55
Neurotransmissores precisam reaprender o movimento e
armazenar a informação
A propriocepção é um conceito muito difundido e utilizado
na fisioterapia. Nada mais é do que a percepção que você tem de si e do mundo a
sua volta. Quando você abraça uma pessoa, por exemplo, precisa saber onde ela
está no espaço, com que velocidade, aceleração e intensidade vai se mover em
direção a ela. Esse cálculo é realizado por receptores presentes em nosso corpo
que entendem o ambiente e a ação, enviam as informações ao cérebro, que devolve
uma resposta eficiente (no caso, o abraço).
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É com base nesse conceito que fisioterapeutas trabalham
para recuperar lesões ou mesmo evitá-las. “Desde pequeno, armazenamos
informações sobre nossos movimentos no cérebro. À medida que crescemos, vamos
refinando-as. Mas, quando temos uma lesão, essas informações são perdidas. A
fisioterapia usa os elementos da propriocepção para treinar o cérebro, a fim de
que ele volte a criar planos motores, informações”, afirma Gil Lucio Almeida,
presidente do Conselho de Fisioterapia do Estado de São Paulo.
Em cirurgias de hérnia de disco, exemplifica o médico, a
forma de andar e a postura acabam mudando. Com a propriocepção, o paciente usa
as informações vindas dos músculos e articulações para reprogramar a postura.
Quando uma pessoa engessa alguma parte do corpo por 30 ou 40 dias, terá que
ensinar novamente o movimento a aquele membro. Dessa forma, lesões graves vão,
aos poucos, sendo curadas até que o corpo volte a ser tão eficiente quanto
antes.
A propriocepção é inerente ao ser humano, mas pode ser
aperfeiçoada e treinada. “A ideia é gerar instabilidade para ganhar mais
estabilidade”, afirma Marcelo Luiz de Souza, fisioterapeuta e professor de
educação física. Os exercícios funcionais são, em sua maioria, baseados nesse
conceito.
Para quem corre ao ar livre, por exemplo, o treino é
feito para fortalecer as articulações e músculos. Pular com um pé só em uma
cama elástica, mudar a direção com que sempre se faz um movimento ou subir em
uma bola oferece bons resultados. “Tudo o que envolva equilíbrio, ritmo e
agilidade está trabalhando os proprioceptores. É uma propriocepção consciente”,
afirma Souza.
Exercícios como esses
também podem levar atletas à alta performance. “Os esportistas usam bastante as
informações arquivadas no cérebro e de forma bem precisa. O treino ajuda a
refinar essas informações e os movimentos passam a ser realizados mais
eficientemente”, diz Almeida.
“Treinar na areia fofa, na grama ou em algum terreno
instável manda novos sinais para o cérebro, que tem de criar novas respostas a
esse estímulo, o que leva a um aprimoramento”, aconselha Marcelo Luiz de Souza.
Segundo Gil Almeida, o conceito pode ser utilizado ainda
para corrigir posturas durante a realização de exercícios. O médico sugere a
realização de movimentos em frente a um espelho para que a pessoa possa ver seu
erro, tomar consciência dele e mudá-lo.
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