domingo, 17 de fevereiro de 2013

SOL E VITAMINA D



A importância dos níveis de vitamina
D nas doenças autoimunes

Cláudia Diniz Lopes Marques1, Andréa Tavares Dantas2, Thiago Sotero Fragoso3, Ângela Luzia Branco Pinto Duarte4
RESUMO
Além do seu papel na homeostase do cálcio, acredita-se que a forma ativa da vitamina D apresenta efeitos imunomoduladores
sobre as células do sistema imunológico, sobretudo linfócitos T, bem como na produção e na ação de diversas
citocinas. A interação da vitamina D com o sistema imunológico vem sendo alvo de um número crescente de publicações
nos últimos anos. Estudos atuais têm relacionado a deficiência de vitamina D com várias doenças autoimunes, como
diabetes mellitus insulino-dependente (DMID), esclerose múltipla (EM), doença inflamatória intestinal (DII), lúpus
eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR). O artigo faz uma revisão da fisiologia e do papel imunomodulador
da vitamina D, enfatizando sua participação nas doenças reumatológicas, como o lúpus e a artrite reumatoide.
Palavras-chave: vitamina D, sistema imunológico, doenças autoimunes, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide.
INTRODUÇÃO
A vitamina D e seus pró-hormônios têm sido alvo de um número
crescente de pesquisas nos últimos anos, demonstrando sua
função além do metabolismo do cálcio e da formação óssea,
incluindo sua interação com o sistema imunológico, o que
não é uma surpresa, tendo em vista a expressão do receptor de
vitamina D em uma ampla variedade de tecidos corporais como
cérebro, coração, pele, intestino, gônadas, próstata, mamas
e células imunológicas, além de ossos, rins e paratireoides.1
Estudos atuais têm relacionado a deficiência de vitamina
D com várias doenças autoimunes, incluindo diabetes melito
insulino-dependente (DMID), esclerose múltipla (EM), doença
inflamatória intestinal (DII), lúpus eritematoso sistêmico (LES)
e artrite reumatoide (AR).1-4 Diante dessas associações, sugere-
-se que a vitamina D seja um fator extrínseco capaz de afetar
a prevalência de doenças autoimunes.5
A vitamina D parece interagir com o sistema imunológico
através de sua ação sobre a regulação e a diferenciação de células
como linfócitos, macrófagos e células natural killer (NK),
além de interferir na produção de citocinas in vivo e in vitro.
Entre os efeitos imunomoduladores demonstrados destacam-se:
diminuição da produção de interleucina-2 (IL-2), do interferongama
(INFγ) e do fator de necrose tumoral (TNF); inibição
da expressão de IL-6 e inibição da secreção e produção de
autoanticorpos pelos linfócitos B.6,7
FISIOLOGIA DA VITAMINA D
A vitamina D, ou colecalciferol, é um hormônio esteroide,
cuja principal função consiste na regulação da homeostase do
cálcio, formação e reabsorção óssea, através da sua interação
com as paratireoides, os rins e os intestinos.8
A principal fonte da vitamina D é representada pela
formação endógena nos tecidos cutâneos após a exposição
à radiação ultravioleta B.8-10 Uma fonte alternativa e menos
eficaz de vitamina D é a dieta, responsável por apenas 20% das
necessidades corporais, mas que assume um papel de maior
importância em idosos, pessoas institucionalizadas e habitantes

de clima temperado.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AFETO E EDUCAÇÂO






Afetividade E Educação




1.INTRODUÇÃO
Qual a importância de integrar a afetividade à prática pedagógica? Como ela pode interferir na vida do aluno, e do professor, a ponto de mudar a realidade educacional na qual vivemos hoje?
Ano após ano parece que a discussão dos profissionais do magistério continua sempre a mesma: "por que os alunos não querem mais aprender? O sistema de avaliação não está bom? A qualificação profissional dos professores ainda permanece insuficiente? Que metodologias devemos usar? Que conteúdos devemos ensinar? O nível dos alunos baixou? ...". São dúvidas, questionamentos e tentativas de explicações para o alto número de alunos que ficam para a recuperação no fim do ano, a queda no percentual de aprovação, os altos índices de evasão, entre outros problemas como as dificuldades de leitura, escrita e cálculo, mais preocupantes quando diagnosticadas em alunos que cursam o Ensino Médio.
Ao que parece, esquecemos na escola de um momento para conhecer a clientela que ela tem: quem são seus alunos? De onde vêm? Em que trabalham? Quem são seus pais? Que infâncias têm ou tiveram? Por que e para quê estudam? Quais seus nomes? Seus endereços? Seus passatempos? Reconheço que, na verdade, o tempo que temos não é tão disponível para responder a essas perguntas sobre cada um das centenas de alunos que temos. Acreditamos, porém, que o professor não está pensando nesses "detalhes" quando prepara o seu plano de curso, a sua aula. E isso precisa ser revisto, debatido, refletido. A relação afetiva professor-aluno reflete bons resultados na aprendizagem, pois aquele aluno que vê, em seu professor, um amigo, um companheiro, um colaborador, evita causar-lhe desgostos, quer ser como ele, o tem como alguém da família e, assim, adota, quase que inconscientemente, uma conduta de respeito, cooperação e atenção nas suas aulas, frutificando uma assimilação mais rápida e consistente do conteúdo por ele ministrado.
Queremos com isso dizer que falta ao aluno um clima de camaradagem na escola, uma elevação do grau de afetividade entre ele e os demais personagens, também sujeitos, do processo ensino-aprendizagem para um resultado positivo e animador do trabalho que o professor realiza e que a escola oferece.
Não podemos, no entanto, desprezar os primeiros anos de vida da criança que são a base para um desenvolvimento saudável de sua personalidade, observando sobretudo a relação que a criança tem com sua mãe poderemos entender a constituição de um adulto com afetividade bem ou mal construída. Muito menos podemos depreciar os fatores sociais, culturais, religiosos, genéticos e neurológicos que podem interferir significativamente na aprendizagem.
Intrinsecamente ligada à cognição, a afetividade constitui-se fator essencial na vida escolar, devendo pois o professor, sobretudo da Educação Infantil, estar ciente dos problemas que pode enfrentar e estar preparado para resolvê-los. Isso porque muitas crianças revelam rejeição à escola devido a uma primeira infância tumultuada e carente de afetividade, principalmente da figura materna.
Somos humanos, e como tais, estamos sempre em busca de algo que justifique nossa existência, que nos dê razão para viver. Essa motivação faz dos educadores uma fonte inesgotável de questionamentos e dúvidas que queremos e buscamos solucionar. Uma delas é o baixo rendimento dos alunos justamente quando se fala de uma Educação de Qualidade para Todos. O que falta?...
Com o intuito de ajudar professores, alunos e comunidade em geral no que diz respeito a um melhoramento na qualidade do ensino foi que decidimos pesquisar sobre algo que há muito me inquietava: por que alguns alunos adotam comportamentos diferentes em diferentes aulas de diferentes professores?
Logo que iniciei minha carreira no magistério, espelhei-me num grande número de professores. Todos eles competentes no domínio do conteúdo e controle da turma. O problema estava aí: controle da turma. Como eu, jovem, 17 anos, poderia manter em ordem uma sala inteira, com alunos de minha idade ou até mais velhos que eu? Foi assim que busquei ser como aqueles mestres que tinham a sua autoridade como ponto máximo na sala e em sua profissão. Conseguia às vezes, outras não. O que faltava? Pouco a pouco fui sendo quem eu era e adotando uma postura mais de brincalhão e colega do que de professor. Os resultados no rendimento mudaram. Gostei! Continuei, e hoje vejo como ponto forte do meu trabalho a interação que mantenho com meus alunos.
Mas, essa interação ocorre de maneira muito natural, não a planejo. Queremos pesquisar e descobrir como posso desenvolver e organizar melhor a relação que terei com meus alunos durante as aulas e, com isso superar alguns outros problemas que ainda enfrento, ajudando outros professores e, consequentemente,seus alunos a obterem resultados mais prazerosos na sua rotina escolar.
A Educação no Brasil enfrenta crises. Técnicas, teorias, metodologias, programas são freqüentemente implantados sem muitos resultados aparentes. A reprovação ainda é grande. A evasão ainda é realidade. O vestibular ainda é o "bicho-papão". O desemprego ainda existe. As multinacionais ainda estão aqui, e cada vez mais fortes. Os alunos concluem os níveis de ensino sem a bagagem esperada. E,diante dessa problemática, que não é só escolar, mas cultural, social e depende do tempo em que se vive, resolvi investigar sobre os resultados que a integração de uma política da afetividade na sala de aula poderia trazer. E assim, proponho-me a apresentar neste trabalho fundamentação e ideias para comprovar a eficácia dessa didática do cuidado com o outro.
Por fim, pretendemos com este trabalho, analisar e discutir a importância do desenvolvimento de um bom relacionamento afetivo entre professor e aluno, revendo o perfil profissional dos professores, averiguando o grau de conhecimento desses profissionais sobre as teorias que valorizam a afetividade aliada à Educação, buscando identificar as dificuldades encontradas pelos professores no seu trabalho e, ao mesmo tempo, levando informações à população quixereense sobre a importância de uma educação emocional oferecida à criança tanto pela família quanto pela escola, valorizando o trabalho docente desenvolvido pelos profissionais da Educação, evidenciando a importância de uma equipe pedagógica mais interdisciplinar nas escolas que valorize o psicopedagogo, chamando também a atenção dos pais, principalmente mães, para a sua responsabilidade na construção de uma personalidade emocional, racional, cultural e cognitiva saudável de seus filhos.
2. CONCEITO DE AFETIVIDADE
Conceituar afeto, amor sempre foi algo muito fácil e, ao mesmo tempo, muito difícil, pois para os amantes o amor é melhor definido sentindo e não falando, descrevendo. Poetas e apaixonados o conceituam das mais variadas formas desde o início dos tempos. Porém, vejamos o que dizem aqueles que tentam, racionalmente, explicar a afetividade.
GALVÃO (1999) diz que são quatro os temas fundamentais nos quais Wallon se baseou para elaborar seu projeto teórico no qual pretendeu fazer a psicogênese da pessoa completa: afetividade, movimento, inteligência e a questão da pessoa, do eu.
Pensando, pois, em afetividade, podemos defini-la de acordo com FERREIRA (2000) como sendo o "Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza."
Assim, podemos dizer que as emoções são uma forma de comunicação que, sobretudo no recém-nascido constitui a maneira de se relacionar com o novo meio ao qual está exposto, usando-as para expressar seus sentimentos de solidão, fome, alegria, tristeza, incômodo entre outros. Além disso a emoção é contagiosa. Quem nunca se sentiu tocado ao ver alguém chorando ou se alegrou ao ver alguém extremamente feliz? Isso dá ao bebê o poder de mobilizar as outras pessoas a perceberem o que ele está sentindo ou deseja. (GALVÂO, 1999).
Essa comunicação emocional, aos poucos, vai sendo substituída por outra forma mais racional de comunicação. A criança, crescendo, aprende novas maneiras de se relacionar com os outros e novas formas de saciar suas vontades. O sistema nervoso fica cada vez mais capaz de controlar as emoções deixando o raciocínio tomar posse das atitudes.
Apesar de exibir uma linguagem verbal bem desenvolvida, a criança menor de 6 anos (aproximadamente) ainda utiliza intensamente a linguagem emocional. O choro, as expressões corporal e facial permitem ao professor perceber seu aluno. Isso é coisa a ser pensada na prática pedagógica. (GALVÃO, 1999).
Segundo GALVÃO (1999) "... se a criança está ao sabor de suas emoções, ela não tem condições neurológicas de controlá-las...". Então, mais uma vez, destacamos o valoroso papel do professor na compreensão do grau de maturidade neurológico da criança para que não considere certas atitudes tomadas por ela como indisciplina, manha, atrevimento ou hipocrisia. Devemos ter consciência da importância da afetividade para o desenvolvimento emocional da criança, mas também temos de considerar os fatores biológicos necessários a esse desenvolvimento.
É necessário um meio sócio-emocional, afetivo, motor e cognitivo para o desenvolvimento da criança menor de três anos, pois é nesta fase que ocorre a aquisição da linguagem. Neste momento as emoções têm um importante papel no desenvolvimento do indivíduo, mas são nos primeiros meses de vida que elas terão o papel de garantir a sobrevivência do bebê e progresso da noção do EU.
O amor e o ódio compõem a vida afetiva do ser humano e estão sempre juntos, interferindo em nossos pensamentos e ações. A compreensão das emoções e os sentimentos são essenciais no entendimento da afetividade. Emoções causam efeitos intensos e imediatos no organismo enquanto que os sentimentos são mais amenos e duradouros. Quantas vezes nos preparamos para tomar determinada atitude diante de um problema e a emoção nos fez reagir de forma totalmente inesperada? As emoções são raiva, medo, nojo, tristeza, alegria, vergonha, desprezo, empolgação etc. Sentimentos podem ser: amizade, ternura, entre outros.
Na nossa cultura o homem é proibido de demonstrar suas emoções através do choro enquanto a mulher é incentivada a isso. O importante, então, é entendermos que a afetividade interfere no crescimento pessoal do ser, mas não está indiferente a fatores biológicos, sociais e cognitivos, e que depende da cultura na qual o indivíduo está inserido.
2.1 A CONSTRUÇÃO DOS AFETOS NA VIDA DA CRIANÇA
Na escola, a afetividade vem sendo debatida e defendida há alguns anos por psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, profissionais da educação e saúde em geral. Porém, percebemos ainda uma grande defasagem em prestar um serviço profissional que alie suas técnicas próprias à uma interação eficaz de desenvolvimento de um relacionamento baseado no emocional. Professores e educadores que incluíram essa teoria no seu cotidiano apontam para os evidentes resultados positivos que conseguiram alcançar. Mas, antes de pensarmos na escola como ambiente para desenvolvimento da personalidade da criança, devemos alertar para o fato de que esta criança, ao entrar na escola, já tem uma vida cheia de experiências, estímulos e respostas que aprendeu a dar diante de determinadas situações de sua vida diária. Assim sendo, vou tratar um pouco do papel da mãe, nos primeiros anos de vida da criança, na construção de uma personalidade saudável de seus filhos.
A problemática emocional está ligada aos conflitos interiores e dispersão do indivíduo, o que dificulta sua interação com o meio, prejudica sua capacidade de atenção, concentração e de relacionamento interpessoal. A figura materna tem papel decisivo na "prevenção" desses problemas. O afeto que ela dedica à criança, especialmente nos cinco primeiros anos de vida, é responsável por grande parcela da sua personalidade na vida adulta, pois a ligação mãe-filho nessa faixa etária é muito intensa e a criança se fixa na mãe, tendo-a como exemplo e modelo para suas atitudes futuras.
NOVAES (1984) nos mostra que a carência afetiva determina uma série de fatores que prejudicam o desenvolvimento global da criança, tanto no âmbito físico como psíquico. Essa carência pode ser identificada pela incapacidade do indivíduo em manter trocas afetivas normais com outros seres humanos. Segundo ela, esses sintomas diagnosticados na escola é consequência de um descontrole na relação mãe-filho, pois tanto a carência como o excessivo cuidado pode acarretar problemas emocionais graves na criança pequena.
O desvinculamento do seio da mãe poderá desencadear sintomas de angústia e mal-estar que variam conforme a sua idade, grau de dependência dos pais e, principalmente, quanto a natureza dos cuidados maternos. Essa angústia revela uma relação emocional e afetiva normal entre a mãe e a criança, pois retrata uma quebra no processo de afetividade que vem sendo construído por ambas (NOVAES, 1984).
Na escola, a criança terá dificuldades de adaptação ao meio de acordo com o grau de relacionamento com a mãe. Ao nascer, a criança se fixa naquela pessoa que ela considera de sua posse, no caso a mãe. Na escola ela terá de se relacionar com um número bem maior de pessoas ao qual está acostumada e isso é um fator importante na avaliação do desenvolvimento emocional da criança, funciona como um teste. Através dele podemos definir novos rumos na educação da criança e dos seus pais. A socialização com outras crianças de sua idade e professores é uma nova etapa no processo de formação da personalidade da criança e deve ocorrer de forma saudável. A escola deve oferecer um ambiente que evite a criança desenvolver angústias e mal-estar, característicos do afastamento da figura materna.
De acordo com NOVAES (1984) a carência afetiva materna não só produz choque imediato, mas deterioração progressiva, tanto mais grave, quanto mais longa e precoce for a carência. Essa deterioração é um processo evolutivo que pode culminar numa desintegração da personalidade, como também provocar distúrbios sérios na área somática. Enfim, a angústia provocada, em crianças pequenas, pela perda ou separação da figura materna determina mecanismos de defesa que podem comprometer e modificar a sua personalidade.
Há, dessa forma, uma grande importância do primeiro professor da criança, pois ele será, paraela, a substituição da mãe. Cabe então a esse profissional o devido cuidado de manter um bom relacionamento que dê continuidadeà relação saudável mãe-filho ou alterar seu comportamento para elevar a afetividade de uma criança que demonstra problemas emocionais decorrentes da relação que tem com sua mãe. Sendo assim, o professor não pode estar alheio à vida do aluno. É necessário que ele conheça os pais, seus problemas físicos, psíquicos e um pouco da vida que levava antes de ingressar na escola. Só assim poderá entender as dificuldades na adaptação da criança ao novo meio e no processo de aprendizagem.
Tanto o excesso como a falta de afeto pode prejudicar a aprendizagem. Por isso, sua maturidade afetivo-emocional deve estar até certo ponto desenvolvida quando esta é levada a ingressar na escola. Esse grau de maturidade é o que vai definir os rumos do desenvolvimento cognitivo da criança e para que tudo corra bem ela precisa ter um clima de segurança emocional tanto em casa como na escola.
Problemas físicos e psíquicos são facilmente identificados como indicadores dos problemas de adaptação e aprendizagem das crianças na escola. Não podemos deixar de lado os problemas emocionais. A escola e professores, especialmente os de maternal, devem prever e estar preparados para atender prontamente essas crianças com problemas emocionais decorrentes de sua relação familiar, propiciando-lhes um clima de estabilidade emocional e contribuindo para que o ingresso e permanência da criança na escola ocorram de maneira normal e tranquila, onde haja uma socialização efetiva dessa criança com os professores e funcionários da instituição bem como com as demais crianças. O nível de aprendizagem deve ser avaliado observando o fator emocional que condiciona a criança a ter certas atitudes como desatenção, falta de concentração, apatia, agressividade ou indiferença, dificultando seu desenvolvimento cognitivo.
Problemas de natureza emocional e psíquica devem ser trabalhados em conjunto com a escola, família e um profissional, psicólogo ou psicopedagogo, que estará responsável pela avaliação e intervenção terapêutica auxiliada pelos professores e familiares da criança.
2.2 AS EMOÇÕES SOB O PONTO DE VISTA DA NEUROLOGIA
Walter Cannon e Philip Bard, formularam teorias, mais tarde complementadas por estudos de Antônio Damasio e Stanley Schachter, de que as estruturas subcorticais Tálamo e Hipotálamo estariam relacionadas com a elaboração dos comandos orgânicos das respostas emocionais e ainda forneciam ao córtex informações para a consciência dessas informações. As estruturas subcorticais envolvidas na emoção foram denominadas de Sistema Límbico. BALLONE (2002).
Hoje sabemos que a responsabilidade das emoções não está centrada em um único ponto do encéfalo. Regiões como o Hipotálamo, a área pré-frontal e o Sistema Límbico relacionam-se intimamente com atividades como motivação, principalmente para o processo de aprendizagem, sensações de prazer ou punição.
De acordo com BALLONE (2002), "Emoções e sentimentos, como ira, pavor, paixão, amor, ódio, alegria e tristeza, são criações mamíferas originadas do Sistema Límbico. Este Sistema Límbico é também responsável por alguns aspectos da identidade pessoal e por importantes funções ligadas à memória."
As emoções e a memória fluem da Amígdala e Hipocampo, uma região formada da comunicação do Hipotálamo com o neocórtex. Estão também envolvidos na formação dos sonhos e da experiência inconsciente.
"Com a chegada dos mamíferos superiores na escala evolutiva, desenvolveu-se, finalmente, a terceira unidade cerebral: o neopálio ou cérebro racional ...". Foi este neopálio que nos permitiu desenvolver a capacidade da linguagem simbólica, nos fez capaz de desempenhar atividades intelectuais como escrita, leitura e cálculo.
O Hipocampo armazena fatos e eventos para regular as atividades de várias outras atividades do cérebro. A Amígdala também seleciona dados e dispara sinais de alerta quando reconhece um perigo. O Hipotálamo governa as emoções. Assim, lesões nessas áreas corticais límbica podem gerar distúrbios emocionais. Isso já havia sido hipotetizado por Papez e hoje sabemos ser verdade. BALLONE (2002).
O córtex pré-frontal é a sede da personalidade e da vida intelectiva, tem a capacidade de criar comportamentos adequados a determinadas situações adaptativas e permite a tomada de consciência das emoções. Sua ausência deixa as emoções fora de controle. Podemos continuar respondendo a um estímulo mesmo depois que ele cesse. Porém, o Hipotálamo pode inibir o neocórtex, tendo como conseqüência o desligamento momentâneo da cognição e até do tônus muscular tônico. BALLONE (2002).
Em BALLONE (2002) podemos compreender que as interconexões cerebrais são em número tão grande que as atividades de áreas lesadas podem ser realizadas por outras áreas sadias. Os lobos frontal e pré-frontal está mais satisfatoriamente desenvolvido a partir dos 12 anos de idade. O córtex pré-frontal esquerdo está mais ligado à cognição e consciência do que o direito. Dessa forma as terapias cognitivas procuram fazer a pessoa reaprender a lidar com suas emoções através da cognição.
Percebemos que problemas neurológicos podem dificultar a aprendizagem da criança, mas isso porque um mal funcionamento do Sistema Nervoso Central altera também o controle das emoções. E estas surgiram como meio de defesa para sobrevivência e perpetuação da espécie em mamíferos, indicando o que agrada ou desagrada e o que oferece ou não perigo à sua vida.
2.3 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Nossos filhos e alunos sempre se irritam quando se sentem prejudicados de alguma forma, ficam alegres quando os agradamos, entristecem quando se chateiam, brincam quando têm vontade. As crianças são seres autênticos quando o assunto é expressar aquilo que sentem. Falta-lhes a capacidade de compreender, de conscientizar-se sobre o que estão sentindo e de que forma devem reagir a estes sentimentos.
GOTTMAN (1997) é claro ao dizer que os pais, muitas vezes agem negativamente na preparação emocional de seus filhos. Principalmente quando os sentimentos demonstrados pela criança são do tipo "negativos" como raiva, medo, tristeza... Na maioria das vezes nós, pais, ignoramos ou mesmo recriminamos o sentimento da criança com atitudes desagradáveis à ela. Estas atitudes são aconselhar a criança, reclamar com ela ou mandar fazer outra atividade. No fundo o que estamos querendo é nos livrar do problema da criança que, para nós, é nada diante dos que já temos. O que não percebemos, no entanto, é que agindo dessa maneira estamos valorizando mais um tipo de emoção do que outro, o que é extremamente prejudicial, pois a criança desenvolve conceitos de inferioridade e baixa autoestima, sentindo-se ínfera às outras pessoas da família, uma vez que, para ela, os pais e irmãos não sentem aquelas coisas negativas.
No futuro, a criança poderá ter dificuldades de relacionamento com outras pessoas. E, enquanto ela vive em casa, apenas com os pais, tudo parece perfeito. Mas quando ela ingressa na escola, aproximadamente aos 4 anos de idade, é necessária a socialização com outras crianças e pessoas às quais não está acostumada. Isso traz confusões e faz com que ela se sinta estranha naquele meio. A criança não quer que as outras pessoas saibam que ela não é "perfeita", que ela tem, e muitos, defeitos. Só depois de um certo tempo ela toma uma superficial consciência de que outras crianças são como elas, inacabadas, em processo de desenvolvimento.
Tornar-se-á difícil aos pais reconquistarem seus filhos depois de descobrirem por meio de terceiros que ninguém é perfeito como ela imaginara que todos, menos ela, seriam. Por esse motivo é importante, defende GOTTMAN (1997), uma preparação emocional das crianças. Segundo ele a empatia é o primeiro passo para uma preparação emocional eficaz dos filhos pelos pais: "... empatia é a capacidade de sentir o que o outro sente.Como pais dotados de empatia, ao ver nossos filhos chorarem, conseguimos nos ver no lugar deles e sentir sua dor. Ao vê-los irritados, batendo o pé, podemos sentir a frustração e a raiva que eles sentem."
Assim, torna-se também indispensável que os pais e professores permitam aos seus filhos e alunos, a vivência, a experimentação, das emoções pela criança, vendo nessas situações oportunidades de ajudá-las a aprender como conviver com tais sensações que são próprias do ser humano. É importante que busquemos entender o que a criança sente para podermos interferir de forma cooperativa e não reprovando ou caçoando do seu estado de espírito.
Para GOTTMAN (1997) existem cinco passos para a preparação emocional:
  1. Perceber a emoção da criança.
  2. Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade ou transmissão de experiência.
  3. Escutar com empatia, legitimando os sentimentos da criança.
  4. Ajudar a criança a nomear e verbalizar as emoções.
  5. Impor limites e, ao mesmo tempo, ajudar a criança a resolver seus problemas.
Não conseguimos visualizar, no futuro da criança, as consequências das atitudes que tomamos para com elas no presente. Não nos sentimos preparadores emocionais, já que não tivemos essa vivência. Mas, devemos nos sentir responsáveis pelo futuro de nossos filhos e alunos, buscando estudar teorias e métodos de educar, da melhor forma possível, pois a família – célula-mãe da sociedade – infelizmente está falhando no papel de educar os filhos e, a escola – atual responsável pela tarefa – também está se vendo incapaz. Só uma ação conjunta de família, escola, religião ... é que poderá trazer à tona uma sociedade mais justa, humana e igualitária, onde respeitem as individualidades, onde não haja exclusão e o direito à vida seja respeitado em todos os sentidos.
3. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Nas últimas décadas muitas coisas influenciaram a Educação. Uma delas foi a emancipação da mulher, antes maior responsável pela criação, cuidados e educação dos filhos. Hoje, a mulher deixa a sua casa e disputa, de igual para igual com o homem, o seu espaço no mercado de trabalho. As meninas já não brincam só de bonecas e casinhas, as moças não sonham só com um príncipe encantado, elas querem igualdade de deveres e direitos.
Com toda essa reviravolta, para quem fica a responsabilidade de educar? Para a escola? Sim. A escola vem assumindo papéis antes destinados à mulher e ao seio familiar. E, talvez por esse acréscimo nas suas obrigações, não esteja acompanhando o avanço social e não esteja cumprindo com o que pais e sociedade esperam dela: a completa formação do ser humano e cidadão.
Como profissional o professor tem o dever de apresentar seu produto (aluno cidadão) da forma que o cliente (pais e sociedade) desejam. Sempre foi assim: a escola forma pessoas nos moldes esperados pela sociedade. Por isso passamos por escolas tecnicistas, bancárias, renovadoras, tradicionais, construtivistas etc, dependendo do momento vivido pelo país ou pelo mundo.
Precisamos reconstruir uma nova escola resultante da fusão entre a escola antiga e a atual, capaz de formar mentes pensantes, com conteúdo e voltada para formação profissional e desenvolvimento do homem enquanto ser afetivo, emocional, religioso etc.
Baseado nessa realidade ocorre que há a necessidade de um novo profissional da Educação. Um profissional que esteja preparado para propiciar a seus pupilos as mais variadas situações que lhes permitam desenvolver suas competências e habilidades da forma mais perfeita possível, garantindo sua formação completa. Assim, a relação professor-aluno se torna tema fundamental de discussão nas reuniões de planejamento, nas escolas, nas universidades e em todos os lugares onde se debata melhoria da Educação.
Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos façam sentido e possam ser assimilados por seus alunos. Diz também que são sete os pecados capitais dos professores:
  1. Corrigir publicamente
Causa um clima desagradável para todos os presentes, além do trauma que a pessoa terá que enfrentar dali em diante. O ideal continua sendo conversar e levar a pessoa a refletir sobre seu ato em particular;
  1. Expressar autoridade com agressividade
A autoridade dos pais e professores deve ser conquistada com inteligência e amor. Expressar autoridade com agressividade nos faz ser respeitados por temor e não pelo reconhecimento do nosso caráter;
  1. Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança
Através dos erros e falhas também aprendemos. Devemos deixar nossos filhos e alunos experimentarem, errarem, para poderem pensar a respeito e descobrirem o mundo que os rodeia. Crianças se desenvolvem através de brincadeiras, corridas, quedas e travessuras. Enclausurar um criança num conjunto de regras adultas só contribui para que ela seja um adulto infeliz;
  1. Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações
Punir num momento de ira significa que você está tentando se vingar do erro do seu filho ou aluno. Busque sempre compreender a situação e leve a criança a refletir sobre o que fez. As explicações são sempre necessárias. Mesmo que você parta para punição física, esta deve ter um valor simbólico que a criança tem de compreender;
  1. Ser impaciente e desistir de educar
Quando o jovem ou a criança parece não ter jeito, falta-nos paciência. As dores vividas por eles e seus pedidos de ajuda, carinho e conforto são das mais variadas formas, até com agressividade. Nessas horas, temos que acreditar e investir para que não se percam nos seus mundos de sofrimento;
  1. Não cumprir com a palavra
Saber dar um não é uma forma de educar as emoções, desde que uma vez dada a palavra, esta não volte atrás. As frustrações vividas por um não recebido ensinam ao jovem que nem tudo que ele desejar, obrigatoriamente alcançará. Devemos sempre cumprir com o que prometemos ou falamos, do contrário, cairemos em descrédito e estaremos deixando nossos filhos e alunos despreparados para esse tipo de situação em suas vidas;
  1. Destruir a esperança e os sonhos
Com sonhos e esperanças temos razões para viver. O jovem sem motivação torna-se opaco, sem alegria. Como educadores das emoções, jamais devemos fazer críticas severas às pessoas.
Para FURLANI (1995), as características afetivas, culturais e de personalidade do professor se problematizam, originando modelos através dos quais ele se situa em relação ao aluno:
·Modelos autoritários
Ausência total de diálogo. O professor é aquele que sabe, que ensina, que fala, que informa, que transmite os conhecimentos para o aluno, que é passivo, um mero recebedor de conteúdos;
·Modelos permissivos
Total liberdade de expressão. Os alunos são ouvidos e observados, mas não há imposição de limites, um direcionamento dado pelo professor, uma vez que faltam objetivos educacionais mínimos estipulados em planejamento para serem atingidos;
·Modelos democráticos
O meio-termo entre os modelos permissivos e os autoritários. Aqui há a existência do diálogo, o conhecimento é desenvolvido, elaborado e reelaborado a partir da interação entre o professor e o aluno, tendo por base suas experiências.
Para FURLANI (1995) o modelo democrático ainda é uma utopia, ainda encontra obstáculos para ser implantado nas escolas, pois a própria sociedade brasileira é cheia de modelos permissivos e autoritários que influenciam a vivência dos alunos.
A realidade é que o mundo e a educação do tempo de nossos pais e avós não são mais possíveis de serem revividos. Porém, como diz CHALITA (2003), os valores do amor, da amizade, do idealismo, da coragem, da esperança, do trabalho, da humildade, da sabedoria, do respeito e da solidariedade precisam ser resgatados, ensinados, apropriados por todos que gostariam de, um dia, voltar aos tempos de infância.
Como relata BOFF (1999), há um descaso pela vida das crianças, pelo destino dos pobres e marginalizados, pelos desempregados e aposentados, um descuido e abandono dos sonhos de generosidade, da sociabilidade, um descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pela coisa pública, pela vida, pela Terra ... enfim, há que haver uma nova aliança de paz entre o homem e todas as demais espécies da Terra na expectativa de salvarmos a nós mesmos e a nossa casa.
No entanto, neste mundo globalizado, onde cada um luta por si, para sobreviver, os valores vão sendo, pouco a pouco, esquecidos e a vida virando um caos. Precisamos, de acordo com CHALITA (2003), deixar que a fantasia e a energia da criança interior de cada um de nós esteja sempre presente, ajudando-nos – pais e professores – a formar, informar, transmitir saberes e afeto para que não deixemos de ser humanos, capazes de sentir, de cuidar, de amar.
3.1 MOTIVAÇÕES PARA APRENDER
O que faz então o aluno estar motivado para aprender? Como o professor pode auxiliar seus alunos no despertar para as matérias e disciplinas? Que motivações o aluno tem para aprender? Como o ser humano aprende?
TEZOLIN (2003) explica que nosso cérebro acumula informações em três regiões: consciente, subconsciente e inconsciente e que a cada nova experiência que vivemos temos a oportunidade de combinar informações já incorporadas anteriormente com as obtidas nesta nova situação. O resultado da combinação entre o que já sabemos e a nova experiência é um novo conhecimento que será acumulado no consciente e, posteriormente, no subconsciente. Quando expostos a uma terceira situação, podemos evocar esse conhecimento acumulado, trazendo-o para o consciente. No entanto, para que a informação passe de uma região para outra, ela precisa atravessar uma zona de turbulência. Para que haja uma nova e significativa aprendizagem, o conhecimento prévio deve fluir naturalmente de uma região para outra e, para que haja essa passagem natural, devemos diminuir a turbulência nessa área.
Conforme TEZOLIN (2003) o novo conhecimento fica por pouco tempo no consciente e a passagem do consciente para o subconsciente é mais fácil porque acontece enquanto dormimos e nosso organismo se mantém relaxado.
Então o que podemos fazer para facilitar a passagem do conhecimento prévio do subconsciente para o consciente e assim conseguir fazer uma conexão mais resistente entre esse conhecimento e a nova situação vivida?
Para CURY (2003) dez técnicas compõem o "Projeto Escola da Vida" que objetiva "... a educação da emoção, a educação da autoestima, o desenvolvimento da solidariedade, da tolerância, da segurança, do raciocínio esquemático, da capacidade de gerenciar os pensamentos nos focos de tensão, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações. Enfim, formar pensadores.".
Uma delas é a Música ambiente em sala de aula que, para CURY (2003), contribui para desacelerar o pensamento, aliviar a ansiedade, melhorar a concentração, desenvolver o prazer de aprender e educa a emoção. Dessa forma, o fluxo de informações do subconsciente para o consciente no momento da aula ocorre com maior facilidade e rapidez, contribuindo assim para uma aprendizagem mais expressiva e duradoura.
As outras nove técnicas apresentadas por CURY (2003) para desenvolver o "Projeto Escola da Vida" e construirmos a "Escola dos Nossos Sonhos" são:?
·Sentar em círculo ou em U, para que seja trabalhada a habilidade de participação e construída a idéia de coletividade entre os integrantes da turma e professor;
·Exposição interrogada, através da qual o professor exercita a arte de interrogar, instigando seus alunos a pensar por meio de desafios propostos;
·Exposição dialogada, quando o professor pergunta e estimula seus alunos à participação, debelando a timidez e melhorando a concentração;
·Ser contador de histórias, criando clima de confiança e descontração, educando a emoção e dando significado ao que é trabalhado;
·Humanizar o conhecimento, dando a oportunidade aos alunos de conhecerem as ansiedades, os medos, os erros e a vida daqueles que construíram os conceitos estudados em sala de aula, para que percebam que foram pessoas normais como eles;
·Humanizar o professor, desmistificando a ideia de um profissional sem sentimentos e emoções, cruzando as experiências e aprendizagens dele com a dos alunos, contribuindo assim para socialização, afetividade e valorização do "ser";
·Educar a autoestima, elogiando sempre antes de criticar e evidenciando a importância que cada ser humano tem, ajudando a educar a emoção, a autoestima e a resolver conflitos, além de promover a solidariedade;
·Gerenciar os pensamentos e as emoções, resgatando a liderança do eu através do gerenciamento dos pensamentos negativos e das emoções angustiantes;
·Participar de projetos sociais, a fim de desenvolver a responsabilidade social, a solidariedade, o trabalho em equipe, educando-se para a saúde, paz e direitos humanos.
Por fim, não há necessidade de mudanças físicas no meio escolar, mas uma quebra, uma ruptura dos paradigmas vigentes na Educação atual. Técnicas que viabilizam a interação interpessoal ajudam a formar cidadãos capazes de compreenderem e enfrentarem as situações conflituosas que a vida impõe, além de serem sensíveis ao problema do outro e do planeta.
3.2 A RECREAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
O professor também pode desenvolver uma didática voltada para efetuação do processo de ensino e aprendizagem. Inúmeras são as ferramentas e as idéias que podem ser postas em campo na hora de realizar tão importante tarefa.
A recreação contribui muito para elevação da autoestima do aluno bem como do professor, pois segundo MARIOTTI (2004) a recreação consiste em dar-se por inteiro a atividades impostas ou não, um meio para o desenvolvimento biopsicoespiritual e social do homem.
Assim, o aluno no âmbito da sala de aula pode estar se recreando enquanto realiza alguma tarefa pedagógica. O professor pode estar se recreando enquanto planeja, executa ou avalia suas atividades. Recrear significa, portanto, buscar um sentido de prazer, no cultivo de atitudes de legítimo interesse com relação aos objetos, pessoas e atividades gratificantes.
A recreação permite ao homem ser feliz uma vez que, mesmo no mais pesado trabalho, encontra significado e prazer em realizá-lo. MARIOTTI (2004) fala que parece que o mundo busca uma nova estrutura de funcionamento onde o ócio seja um fator fundamental para a construção de uma nova moral.
O ócio é o momento de desocupação, para descanso do corpo e da mente. Por isso, ele é necessário a todo ser vivo. Nesses momentos é que há a revitalização, a reposição de energias, o exercício do corpo e do espírito que deixam a alma mais evoluída. O esporte, a arte, a filosofia, a literatura, entre outras, existem graças ao ócio. No mundo moderno há que se buscar tempo para vislumbrar o que há de belo no mundo e no homem, há que se achar tempo para valorizar as boas criações do ser humano, e isso se tornará possível quando também descobrirmos o valor do ócio.
O homem trabalha para ser livre. Parece uma antítese, pois ao trabalhar se escraviza e aspira, cada vez mais, libertar-se do trabalho e das obrigações para dedicar-se a si mesmo.
Os professores, pais e psicopedagogos, realizando atividades recreativas com as crianças permitem-lhe vivenciar o cultivo de uma reflexão sobre si mesmos e do que lhes dá prazer para conquista de sua liberdade. Atividades recreativas em sala de aula fazem o processo de aquisição e construção do conhecimento serem, sobretudo, prazerosos para o aprendente e, portanto, indispensáveis nas escola do século XXI.
4. CONCLUSÃO
Todo professor em sua experiência docente e também discente acumula conhecimentos que serão utilizados tanto em sua prática como em sua vida pessoal. Conhecimentos resultantes principalmente de relacionamentos e vivências com os outros, ou seja, aprendemos, sobretudo, com o jogo da vida, onde uma pessoa sempre tem algo a ensinar a outra e, ao mesmo tempo, a aprender com ela.
Para FREIRE (1996) "... quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado", confirmando a necessidade de uma educação global, visando o completo desenvolvimento do indivíduo e a compreensão do docente de que o processo de ensino e aprendizagem não está centrado no conhecimento do professor, mas que deve ser construído e produzido a partir da interação deste com o educando. A criança deve ser estimulada em todas as habilidades e, para isso, o professor deve estar ciente de que ensinar é uma especificidade humana, não é transferir conhecimento, e exige a participação de todos os segmentos envolvidos.
Há também o papel importante da família na construção de crianças, adolescentes e adultos, enfim, uma sociedade mentalmente saudável. A educação dos filhos abrangendo os aspectos cognitivos, sociais, afetivos e motores deve ser a meta de todos os pais. A presença do pai e da mãe na construção do seu filho cidadão contribui para uma mudança de paradigmas sociais que cultivam a discriminação, o desrespeito e as desigualdades.
Segundo TIBA (2002) as pessoas apresentam três estilos de agir: o comportamento estilo vegetal, o comportamento estilo animal e o comportamento estilo humano.
No vegetal, a pessoa espera que o mundo à sua volta traga-lhe tudo que lhe é necessário à sobrevivência. Recém-nascido, em coma, sem memória ou na fase senil adotamos o comportamento vegetal pois se ninguém nos prover do indispensável, morremos.
O comportamento animal é caracterizado pela movimentação e a busca instintiva pelo que precisamos para sobreviver e perpetuar a espécie. TIBA (2002) diz que os humanos adotam o estilo animal quando:
·Não usam a racionalidade;
·Repetem os mesmos erros;
·Fazem só o que foi aprendido e não criam novidades;
·Suas vontades estão acima da adequação;
·Agem impulsivamente mesmo que depois se arrependam;
·Agem egoisticamente, sem pensar nas demais pessoas;
·Desrespeitam a ética relacional e as normas sociais;
·Pirateiam e danificam o meio ambiente;
·Usam a lei do mais forte.
Ainda de acordo com TIBA (2002) o comportamento estilo humano, superiore característico de cérebros mais evoluídos é aquele adotado pelas pessoas que buscam a felicidade a partir da integração de disciplina, gratidão, religiosidade, ética e cidadania visando a sua própria sobrevivência, perpetuação de sua espécie, preservação do meio ambiente, formação de grupos solidários e construção da civilização.
Cuidar de nossos filhos e alunos faz parte da necessidade de perpetuarmos a nós e nossa espécie. Porém, na espécie humana esse cuidado não se resume apenas a apresentar-lhes o necessário à sua sobrevivência, como no estilo vegetal, ou fazê-los buscar o indispensável através de seus próprios recursos sem se preocupar com o que o rodeia, como no estilo animal, mas educar humanamente para o verdadeiro sentido de sermos humanos, a solidariedade. E esse objetivo só será alcançado por meio da formação de pessoas afetivamente bem educadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TEZOLIN, O. M. Re-criando a educação: uma nova visão da psicologia do afeto. 4 ed. Rio de Janeiro: DP&A. 2003.
TIBA, I. Quem ama, educa!. 131 ed. São Paulo: Ed. Gente. 2002.