EDUCADOR OU FACILITADOR
Educador: Crema (1991), no seu livro Visão Holística em Psicologia e Educação cita
algumas características necessárias para que o “facilitador holocentrado”
alcance a maestria:
Inclusividade: É considerar as inúmeras facetas do ser humano,
e da realidade. Tudo tem múltiplos aspectos. Nada é insignificante: um sorriso,
uma lágrima, um olhar, um simples gesto. Incluir é abrir-se e estar atento a
tudo o que está dentro e fora de nós.
Inocência: O nosso processo de aculturação nos faz perder a
beleza interior, a espontaneidade e simplicidade infantil. Recupera-las é se
colocar no caminho da sabedoria. Sem cair no campo da ingenuidade, a meta é se
“desarmar”, captar a fluidez natural da realidade.
Espaço Interior: Estar cheio de teorias e verdades prontas vai
sufocar e inibir o educando. Ele precisa de ar, espaços vazios, para se mover e
preencher, expressando com suas próprias convicções as suas verdades. Para
facilitar este auto-desenvolvimento do educando, o educador precisa ter alcançado
algum silêncio, esvaziamento interior. Precisa ter desapego das teorias, dos
métodos, das técnicas. Deve esvaziar as mãos, estar aberto às possibilidades do
conhecimento e da vida.
Flexibilidade: A vida é flexível, a morte é rígida. A atitude
holocentrada é flexível. As concessões e recuos devem acontecer dentro da dança
do Yang e do Yin, como é na vida: expansão e recolhimento. O exemplo chinês é
sábio: O vendaval quebra o tronco forte, mas não derruba o ramo frágil. O
processo ensino aprendizagem deve fluir naturalmente, mas sem sair da rota
correta.
Plena Atenção: Estar sempre atento ao presente. Que o lugar e
tempo onde ocorre o processo vital concreto, o encontro existencial com o
educando. Esta atenção no momento presente permite que respostas criativas
resolvam os desafios da aprendizagem.
Humor: Ambiente alegre e lúdico é imprescindível. A educação tradicional
contrapôs as virtudes da dedicação, responsabilidade, atenção com as da alegria
e descontração. São tidas como incompatíveis. O sorriso é a expressão simples
de felicidade por estar vivo.
Vocação: Essa não deve ser vivida como mera profissão, para ao simples
recebimento do salário, mas deve incorporar seu papel existencial, vocacional,
sem que a dimensão profissional seja abandonada.
Paciência: É saber respeitar o ritmo da própria vida. O
ritmo de cada um, em sua aprendizagem. O caminhar lento e profundo traz mais
sabedoria. Qualidade do que se aprende é mais importante que quantidade. A
noção do tempo é necessária para não se atrasar nem antecipar a aprendizagem.
Humildade: Dizer eu sei ou eu não sei com autenticidade e
naturalidade, sem problemas. Onipotência é querer mudar aquilo que não pode ser
mudado. O impotente, por outro lado, aceita até aquilo que pode ser mudado.
Sabedoria, para São Francisco de Assis, cita o autor, está na atitude de
potência, ou seja, de discernir entre uma coisa da outra.
Temos consciência de que uma mudança educativa nesse sentido significa
uma importante mudança nas perspectivas dos cidadãos, administradores e dos
próprios educadores. Ao longo da história, todas as grandes mudanças exigiram
uma transformação do pensamento, da visão ou da interpretação da realidade,
isto é, aquilo que se costuma chamar mudança de paradigma. Portanto, sem
menosprezar as mudanças sociais e políticas necessárias para iniciar uma
reforma profunda da educação, primeiro é fundamental uma mudança nas crenças
dos professores e da cidadania em geral, o que possivelmente exija passar por
várias gerações.
3.6.1 - Características dos Professores
Holísticos
Toda proposta educativa traz um modelo de profissional da docência. Ao
falar de currículo holístico, é pertinente considerar as qualidades
(competências, atitudes e valores) dos professores que serão os encarregados de
algumas finalidades educativas que, em essência, são uma alternativa ao sistema
educacional convencional, um sistema que, inclusive hoje, é o que formou os
professores, primeiro como aluno e depois como profissional. Vejamos algumas
das propostas feitas em relação a essas qualidades.
O professor como profissional.
Clark (1997 apud YUS, 2002, p. 234) considera que uma mudança de
paradigma na educação exige uma mudança naquilo que os professores assumem
sobre a natureza da inteligência, do pensamento e do aprendizado. Em seu nível
mais fundamental, significa mudar a percepção do professor como um
profissional.
Até agora os professores tiveram pouca influência nas decisões
profissionais mais importantes. Embora formados como profissionais, os
professores Têm pouca voz na seleção do que irão ensinar e, exceto dentro dos
limites estreitos, sobre como irão ensinar. Para muitos, uma das principais
funções das escolas em nossa sociedade é a de custódia, por isso a primeira
responsabilidade da maioria dos professores é ser um efetivo cuidador de
crianças e controlador da sala de aula. As responsabilidades incluem elementos
tão diversos como a disciplina, a coleta de dinheiro para o almoço, o chamar a
atenção, o manter os estudantes sentados e ocupados com um trabalho ou com
provas, o entreter os estudantes e dar seminários. Acima de tudo, o professor
deve manter os estudantes tranqüilos, de modo que o centro de atenção ainda
esteja no controle.
A idéia fundamental do paradigma holístico é a de que os professores são
profissionais. Clark (1997 apud YUS, 2002, p. 234) sugeriu isso, e
compreende quatro qualidades que caracterizam todo profissional:
Visão: Os professores compartilham ideais comuns sobre o que é um bom ensino
e um aprendizado efetivo. Eles têm uma visão, e sua frustração declarada é
perceber sua incapacidade de fazer com que a visão seja uma realidade.
Formação: A maioria dos professores já adquiriu o conhecimento fundamental e as
habilidades necessárias para ser um profissional. A maioria deles tem
conhecimentos e habilidades que não chegaram a usar.
Responsabilidade: Caminha lado a lado com a propriedade, pois em
nossos sistemas a propriedade proporciona a melhor motivação para o sucesso.
Profissionalmente, a propriedade implica a participação completa nas decisões
que influem no trabalho de alguém, é disso que se deriva o assumir
responsabilidades.
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