sábado, 31 de maio de 2014

DISLALIA

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A dislalia  é um distúrbio que acomete a fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. A pessoa portadora de dislalia, troca as palavras por outras similares na pronuncia, fala erroneamente as palavras, omitindo ou trocando as letras. Resumidamente, as manifestações clínicas da dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. Pode-se dizer que a palavra do dislálico é fluída, ainda que possa ser incompreensível, sendo que o desenvolvimento da linguagem pode ser normal ou atrasado. Não há intervenção na musculatura responsável pela emissão das palavras.
Crianças que chupam chupeta e mamam mamadeira por um tempo prolongado, bem como as que chupam o dedo ou mesmo mamam pouco tempo no seio, podem apresentar um quadro de dislalia. Apesar de não existir relação direta, é indiscutível que essas crianças passam a apresentar flacidez muscular e postura indevida da língua, o que pode resultar nesse distúrbio. Outras causas são: línguas hipotônicas (flácidas), podendo ainda apresentar alterações na arcada dentária, ou então, falhas na pronúncia de determinados fonemas em conseqüência da postura e respiração dificultada.
A dislalia pode ser subdividida em quatro tipos:
  • Dislalia evolutiva: considerada normal em crianças, sendo corrigida gradativamente durante o seu desenvolvimento.
  • Dislalia funcional: neste caso, ocorre substituição de letras durante a fala, não pronunciar o som, acrescente letras na palavra ou distorce o som.
  • Dislalia audiógena: ocorre em indivíduos que são deficientes auditivos e que não conseguem imitar os sons.
  • Dislalia orgânica: ocorre em casos de lesão no encéfalo, impossibilitando à correta pronuncia, ou quando há alguma alteração na boca.
Até  os quatro anos de idade, os erros de linguagem são considerados normais. Todavia, após essa fase, a criança pode vir a ter problemas caso continue falando errado, podendo afetar até a escrita. O caso clássico desse distúrbio é o Cebolinha, personagem da Turma da Mônica.
O tratamento da dislalia é feita com o auxilia de um fonoaudiólogo e varia de acordo com a necessidade de cada criança.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dislalia
http://www.centrodefonoaudiologia.com/dislalia/
http://www.tuasaude.com/dislalia/
http://www.appai.org.br/Jornal_Educar/educar_n7/saude/dislalia.htm

domingo, 25 de maio de 2014

DISLEXIA






A Dislexia como uma das principais causas dos distúrbios de aprendizagem na área da leitura e da escrita.

Nelita Pires de Figueiredo - Psicopedagoga Clínica e Institucional – FAED - UNIC
E-mail: nelita.pires@hotmail.com


O objetivo deste artigo é discorrer sobre a importância de se entender a DISLEXIA como um dos múltiplos fatores que interferem no processo de ensino-aprendizagem.

Por que uma criança não consegue aprender da mesma forma e no mesmo tempo dos demais colegas de sala de aula, embora apresente inteligência normal, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequados? Ainda nos dias atuais essa criança chega  a ser confundida com portadores de necessidades especiais e muitas vezes, sendo rotulada, de deficiente mental, incompetente, desleixada ou irresponsável.  O que essa atitude dentro da sala de aula, tem acarretado ao aluno que não consegue ler, escrever e não tem boa ortografia para idade? Pode a criança ser responsabilizada por tais deficiências? 
Entre as várias causas de problemas de aprendizagem, as últimas descobertas científicas apontam para Dislexia sendo uma delas. O termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com as quais lêem crianças com faixa etária correspondente.
De acordo com estudos realizados, a definição de DISLEXIA vem do grego e do latim: Dis, de distúrbio, vem do latim, e Lexia, do grego, significa linguagem. Então, a Dislexia é uma disfunção neurológica que apresenta como conseqüência dificuldades na leitura e escrita.
“Entendemos por dislexia específica ou dislexia de evolução um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao sintoma grave. A dislexia é freqüentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta os meninos em uma proporção maior do que as meninas” (M. Condemarin e M. Blomquist, Dislexia, manual de leitura corretiva, p. 21).
Ao que parece, por trás desses problemas específicos de aprendizagem, existe sempre um fator biológico, hereditário, isto é, há uma tendência de a mesma dificuldade ocorrer em outros membros da família. O disléxico tem geralmente uma história de vida, na qual, algum parente próximo apresenta a mesma deficiência de linguagem. Outras vezes, nasceu provavelmente de um parto difícil, em que podem ter ocorrido algum destes problemas: a- anoxia, ou seja, asfixia relativa; b- prematuridade do feto ou peso abaixo do normal; c- hipermaturidade, ou seja, o nascimento passou da data prevista para o parto. Adquiriu, quando criança, alguma doença infectocontagiosa, que tenha produzido convulsões ou perda de consciência. Considera-se ainda, o atraso na aquisição da linguagem ou perturbações na articulação da mesma, bem como, atraso para andar, problemas de dominância lateral (uso retardado da mão esquerda ou direita).
Segundo Drouet (1990), o professor de Ensino fundamental não tem a formação necessária para diagnosticar graves distúrbios de aprendizagem. Através da observação cuidadosa, ele poderá detectar diferenças ou falhas nos desempenhos de seus alunos.
A desinformação e a dificuldade de identificar possíveis “sinais” de dislexia, por parte dos pais e professores faz com que a criança mantenha  esse  problema por todo o considerado período da primeira infância. No entanto, vários estudos realizados têm constatado possíveis sinais de dislexia nesse período, por exemplo, parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo; tendência a hiper ou a hipo-atividade motora; dificuldade para aprender a andar de triciclo; atraso no desenvolvimento motor desde a fase do engatinhar, sentar e andar; atraso ou deficiência na aquisição da fala; chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência entre outros.
Algumas características  marcantes da criança em idade escolar, sendo sintoma mais notório,  a acumulação e persistência de erros ao ler e escrever. A análise qualitativa da leitura oral de um disléxico revelará alguma ou várias das seguintes dificuldades:
1 – confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u; etc.
2 – Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-b; d-p; d-q; u-n; w-m; a-e.
Nelita Pires de Figueiredo*
3 – Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b; m-b-p; v-f.
4 – Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla.
5 – Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferente significado: soltou/salvou; era/ficava.
6 – Contaminações de sons.
7 – Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: Famoso substituído por fama; casa por casaco.
8 –   Repetição de sílabas, palavras ou frases.
9 –  Pular uma linha, retroceder para a linha anterior e perder a linha ao ler.
10 – Excessivas fixações do olho na linha.
11 –Soletração defeituosa: reconhece letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto “palavra por palavra”.
12 – Problemas de compreensão.
13 – Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais.
14 – Ilegibilidade.
15 – Em geral, a dificuldade do disléxico no reconhecimento das palavras obrigam-no a realizar uma leitura hiperanalítica e dedifratória. Como dedica seu esforço à tarefa de decifrar o material, diminuem significativamente a velocidade e a compreensão necessária para a leitura normal.
Sendo comum que estas com mais de doze anos de idade não revelem os sinais descritos através do exame de sua leitura oral, entretanto é fácil detectá-los na leitura silenciosa: ao ler, realizam uma leitura subvocal, isto é murmuram ou movem os lábios, já que se vêem obrigados a pronunciar as palavras para poder compreendê-las. Na medida em que, ao ler em silêncio, utilizam a mesma técnica que na leitura oral, a velocidade resulta excessivamente lenta.
Conforme Jonhson e Myklebust (1987), as características descritas na leitura dos disléxicos raramente se apresentam isoladamente. Freqüentemente se acompanham de outras perturbações que alteram a aprendizagem., as mais comuns são:
Alterações de memória: Alguns disléxicos apresentam dificuldades para a lembrança imediata. Outros apresentam muita dificuldade para lembrar fatos passados. Alguns não conseguem lembrar palavras ou sons que escutam. Outros apresentam dificuldades para memorizar visualmente os objetos, palavras ou letras.
Alterações na memória de séries e seqüências: Freqüentemente o disléxico apresenta dificuldade para aprender séries, tais como os dias da semana, meses do ano e o alfabeto. Custa-lhe a aprender a olhar a hora e tem dificuldades para relacionar um acontecimento com outro no tempo. 
Orientação direita-esquerda: Freqüentemente são os disléxicos incapazes de orientar-se com propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Geralmente a criança não consegue situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olha para outra pessoa. Quando tenta obedecer a instrução na sala de aula ou na ginástica, sente-se confusa e frustrada. Da mesma forma, tem forma tem freqüentes dificuldades para situar-se com relação aos mapas, globos terrestres e em seu próprio ambiente.
Linguagem escrita: Quando a criança não consegue ler com facilidade, tampouco consegue utilizar com propriedade os símbolos gráficos da expressão escrita. Em geral, o disléxico, caso não for severamente disgráfico (letra ilegível), consegue copiar, porém quando escreve um ditado e na escrita espontânea (dissertação) revela sérias complicações. Na maioria dos casos apresenta disortografia. Além, disso tem dificuldades para expressar idéias com base sintaxe, seqüência e estrutura adequadas. Quando escreve, revela sinais de confusões, inversões, adições, omissões e substituições.
Dificuldades em matemática: O disléxico pode ser capaz de automatizar os aspectos operatórios, porém apresenta dificuldades para aplicá-los na solução de problemas reais. Às vezes essa dificuldade provém do fato de ele não poder entender a formulação do problema, já que lhe é difícil ler. Nos disléxicos graves, falham também os aspectos operatórios, pois, eles invertem os números ou então sua seqüência.
                                           
 Outras pesquisas revelam ainda que, pode ocorrer dificuldade de aprendizagem independente da dislexia. A escrita de trás para frente e as inversões de letras e palavras são comuns nos “estágios iniciais” do desenvolvimento da leitura entre as crianças.
Outra revelação importante é que pelo fato da dislexia refletir num transtorno lingüístico, não há evidências de que o treino dos olhos possa diminuir o distúrbio. Tendo os disléxicos problemas na “nomeação” de letras “não na cópia” destas, implica que mesmo que ele aprenda a ler o fará de maneira lenta, o que se leva a concluir que a dislexia não é superada.
Para Orton, 1937 (apud. Drouet, 1990, p. 139), a dislexia seria explicada por uma inadequada instalação de dominância lateral (lateralidade). Drouet (1997) Explica que Orton se inspirou nos trabalhos de Broca que descreveu o centro de articulação da palavra em 1865. BROCA admite queo predomínio funcional de um lado do corpo se deve não à educação, mas sim à supremacia de um hemisfério cerebral sobre o outro. A escrita em espelho, o retardo da linguagem e a gagueira são também explicáveis, conforme Orton, por esse conflito de dominância dos hemisférios cerebrais por muitos autores.

CONCLUSÃO

Ser disléxico é condição humana e cada um tem o seu jeito de ser e de aprender. A Dislexia é um distúrbio real que interfere no processo de aprendizagem de leitura, por provocar na criança dificuldades específicas na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos; acarretando insucesso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita. Contudo, há um desconhecimento quase que generalizado acerca desse assunto. Considerando que a dislexia ainda não é reconhecida e muitas vezes não é aceita por professores, pelos pais, enfim pela sociedade, sendo ignorada em casos de retenção de alunos ou evasão escolar em nosso país,  não se deve associá-la à desatenção, desmotivação, condição socioeconômica, baixa inteligência ou má alfabetização. Isso revela atitudes preconceituosas dentro da sala de aula, o que tem desmotivado ainda mais o aluno que não consegue ler, escrever e não tem boa ortografia para idade. Na verdade, a dislexia tem sido vista, pelos pesquisadores como circunstância hereditária devido a alterações genéticas, sendo caracterizada por apresentar alterações no padrão
neurológico do indivíduo. Tornando-se essencialmente necessário que o educador reconheça na criança características dos chamados distúrbios de aprendizagem, assumindo desafios de criar metodologias eficientes, no sentido de acolher cada uma delas, respeitando e entendendo sua individualidade; sendo necessário que se investigue, compreenda e se discuta como esta criança pode aprender adequadamente. Portanto, o diagnóstico e o tratamento cabem a uma equipe multidisciplinar  quanto  mais cedo melhor, diminuindo assim o sentimento de incapacidade, de baixa auto-estima entre outros. Tornando-o assim um sujeito  independente e auto-suficiente.
 

REFERÊNCIAS

CONDENARIN,  M.;   BLOMQUIST,  M.;  Dislexia: manual de leitura corretiva. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.           
 DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios de aprendizagem, 3ª ed. São Paulo: Ática, 1990.
JOHNSON, D.J.  & MYKLEBUST, H.R.  Distúrbios de aprendizagem. 2ª ed. São Paulo:  Pioneira, 1987.
JOSÉ, E. A. & COELHO, M. T. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Ática, 1993.

 


Joao Beauclair



SUPER...


Altas Habilidades/Superdotação e a Inclusão Escolar
A Declaração de Salamanca (UNESCO & Ministério da Educação e Ciência da Espanha, 1994), veio influenciar as decisões políticas brasileiras junto ao Ministério da Educação no que diz respeito a debates sobre o conceito, indicadores, políticas sociais e à atenção educacional dispensada ao aluno com de necessidades educacionais especiais. Os movimentos sociais em prol dos direitos humanos ajudaram as pessoas com necessidades educacionais especiais a conquistarem o direito de plena participação social e, tais conquistas orientaram a reformulação de marcos legais para o sistema educacional. Um marco histórico neste sentido foi a Declaração dos Direitos Humanos de Viena (UNESCO, 1993) que trouxe o princípio da Diversidade, colocando o direito à igualdade no mesmo patamar do direito à diferença: “o reconhecimento da pluralidade de sujeitos portadores de direitos e de seus direitos específicos como parte integrante e indivisível da plataforma universal dos Direitos Humanos”(p.7). Introduziu-se, assim a Ética da Diversidade na implantação da política inclusiva, um desafio para a educação brasileira.
Consta da Declaração de Salamanca, entre outros, que:
“...cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios”;
“os sistemas educativos devem ser projetados e os programas ampliados de modo que tenham em vista toda gama dessas diferentes características e necessidades”;
“os programas de estudo devem ser adaptados às necessidades das crianças e não o contrário, sendo que as que apresentam necessidades educativas especiais devem receber apoio adicional no programa regular de estudos, ao invés de seguir um programa de estudo diferente”;
“os administradores e os orientadores de estabelecimentos escolares devem ser convidados a criar procedimentos mais flexíveis de gestão, a remanejar recursos pedagógicos, diversificar as ações educativas, estabelecer relações com pais e a comunidade”;
“o corpo docente, e não cada professor, deverá partilhar a responsabilidade do ensino ministrado à criança com necessidades especiais”.
Este avanço do pensamento político em torno da educação inclusiva abre os horizontes das políticas educacionais, mas traz para à escola a difícil tarefa de romper com paradigmas tradicionais e propor ações mais amplas que estejam de acordo com as necessidades histórico-culturais da comunidade que a cerca. Esse rompimento é um processo longo que envolve desprendimento dos agentes educacionais no que se refere à mudança na forma de agir.
Na última década os conceitos de inclusão foram amplamente discutidos e claramente colocados em leis resoluções e pareceres (veja as leis em Gotti, 2004). No que diz respeito à educação inclusiva o Ministério da Educação implementou o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade que visa disseminar a política de inclusão e apoiar o processo de construção e implementação de sistemas educacionais inclusivos nos municípios brasileiros. Tal projeto envolve o apoio às escolas para que estejam habilitadas a trabalhar com as diferenças e que possam envolver a comunidade na colaboração dessa prática. Para tanto é necessário que sejam oferecidos aos professores subsídios para que venham a desenvolver esta prática inclusiva.
Neste sentido, Mastiski (2004) argumenta que as políticas curriculares são espaços públicos de tomada de decisões que refletem ideologias e a dinâmica de movimentos sociais e, que os textos curriculares simbolizam o discurso oficial do Estado, legitimados pelos atores sociais que os colocam em prática, principalmente, os agentes educacionais. Assim, a autora sugere um amplo debate escolar no sentido de propor nova dimensão aos fundamentos e concepções do fazer pedagógico, com a finalidade de formar um currículo que acolham as diferenças presentes no contexto escolar. A autora sugere, ainda, que seja planejado em paralelo à reformulação curricular a formação continuada de professores no sentido de implementarem práticas pedagógicas que reflitam a diversidade de necessidades apresentadas pelos alunos em sala de aula. Mastiski (2004) argumenta que devem ser oferecidos subsídios que ampliem as possibilidades de reflexão e intervenção no fazer pedagógico uma vez que a inclusão começa em sala de aula:
Não importa o quão comprometido um governo possa ser com relação à inclusão; são as experiências cotidianas das crianças nas salas de aulas que definem a qualidade de sua participação e a gama total de experiências de aprendizagem oferecidas em uma escola. As formas através das quais as escolas promovem a inclusão e previnem a exclusão constituem o cerne da qualidade de viver e aprender experimentado por todas as crianças (Mittler, 2003, p. 139, apud Mastiski, 2004).
O Parecer CNE/CEB nº 17/2001, alerta para o fato de que os alunos superdotados e talentosos fazem parte das comunidades excluídas e que permanecem à margem do sistema educacional. Para o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação Básica (2001), esta população necessita de motivações específicas e não aceitam a rigidez curricular e aspectos do cotidiano escolar – “são tidos como trabalhosos e indisciplinados. Deixando de receber os serviços especiais de que necessitam, como por exemplo o enriquecimento e o aprofundamento curricular”.
Corroborando essa idéia Maia-Pinto (2002), afirma que uma constante preocupação para os educadores é a presença, em sala de aula, de crianças com características fora do padrão da classe. Quase sempre é um desafio para o professor trabalhar com esta criança. Para a autora, o professor logo percebe quando o aluno apresenta um rendimento abaixo da média da classe e, as ações para este fim são hoje bem divulgadas no ambiente escolar, havendo um certo consenso de que esta criança precisa de um atendimento extra ou de estratégias de ensino especiais que favoreçam o seu desenvolvimento.
Porém, alunos que apresentam um desempenho acima da média, se sobressaem em alguma área, têm uma grande motivação ou interesse, são criativos ou possuem habilidades de liderança, esses alunos, na maioria das vezes têm apenas o reconhecimento de “que é um ótimo aluno”, além de alguns mitos como a certeza de que este aluno terá um futuro brilhante (Alencar e Fleith, 2001).
No Brasil, a criança com necessidades especiais tem garantido por lei o seu acesso ao ensino regular, assim como a diferenciação curricular para casos específicos. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Ministério da Educação, 2001) apresentam algumas vantagens do atendimento ao superdotado e uma política que valoriza o talento. De acordo com as Diretrizes, as altas habilidades/superdotação referem-se a alunos com “grande facilidade de aprendizagem que os leva a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos devem receber desafios suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menos tempo, a série ou etapa escolar.” (p. 39).
Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996 – Lei nº 9.393 de 20 de dezembro de 1996 – e Plano Nacional de Educação em 2001, este atendimento foi reconhecido legalmente. Este reconhecimento está no Art. 24º que estabelece: “A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (...) V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: (...) c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado.” E no Art. 59 alerta que “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: (...) II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados”.
Outros fundamentos legais estão nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, instituída pela Resolução nº 02 de 11 de setembro de 2001. Esta Resolução define, no Art. 3º, a Educação Especial como a modalidade de educação escolar “(...) assegura recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos”; no Art. 5º, que considera “educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: (...) inciso III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes”, e, ainda, no Artigo 8º, que enfatiza que: “As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: (...) serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nas quais o professor especializado em educação especial realize a complementação ou suplementação curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e materiais específicos”.
Neste sentido, a proposta de atendimento educacional para os alunos com altas habilidades/superdotação dos NAAH/S tem fundamento nos princípios filosóficos e ideológicos que embasam a educação inclusiva: valorizando a diversidade como elemento enriquecedor do desenvolvimento pessoal e social, promovendo o desenvolvimento de currículos amplos, flexíveis e abertos que possibilitem a aprendizagem e participação de todos; respeitando as diferentes formas de aprender e atendendo as necessidades educacionais de todos os alunos; garantindo a acessibilidade física e as comunicações; desenvolvendo um trabalho cooperativo entre os diversos segmentos que compõem a comunidade escolar.
Referências:
Conselho Nacional de Educação & Câmara de Educação Básica (2001).
Parecer CNE/CEB nº 17/2001. Brasília: CNE/CEB.
Gotti, M.O. (Org.) (2004). Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEEP.
Maia-Pinto, R.R. & Fleith, D.S. (2002). Percepção de professores sobre alunos superdotados. Estudos de Psicologia.
Maia-Pinto, R.R. (2002). Avaliação das práticas educacionais implementadas em um programa de atendimento a alunos superdotados e talentosos. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília.
Mastiski, A. C. R. (2004). Políticas públicas de inclusão educacional: desafios e perspectivas. Educar em Revista, 23, 185-202.
Ministério da Educação (2001). Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica - Resolução nº 02 de 11 de setembro de 2001.
Ministério da Educação. (1995). Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: Secretaria de Educação Especial.
Ministério da Educação. (2004). Censo Escolar. Brasília:
MEC/INEP/SEEC. Wide Web: http://www.inep.gov.br
Mittler, Peter. Educação inclusiva.contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
UNESCO & Ministério da Educação e Ciência da Espanha (1994).
Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais : acesso e qualidade. Brasília:
CORDE.
UNESCO (1993, julho). Declaração e Programa de Ação de Viena. Documento elaborado na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos de Viena.
Área da Superdotação/Altas Habilidades - SD/AH
Quem é o aluno com altas habilidades/superdotação?
Embora ainda não exista uma definição universal de altas habilidades/superdotação, inúmeras pesquisas têm sido realizadas com o intuito de dar respostas a questões ligadas à definição de superdotação. Tanto que a literatura especializada é rica quanto às citações de diferentes autores. Dentre elas, cita-se as seguintes:
A Política Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação / Secretaria de Educação Especial (1994) adota o conceito de Marland, que define como pessoas – crianças e adultos com altas habilidades / superdotação as que apresentam desempenho acima da média ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora.
Uma conceituação atualmente aceita por vários autores sobre o que seja a pessoa superdotada é a de Renzulli, no seu Modelo dos Três Anéis.
Segundo este pesquisador, o comportamento superdotado consiste na interação entre os três grupamentos básicos dos traços humanos: habilidades gerais e/ou específicas acima da média, elevados níveis de comprometimento com a tarefa e elevados níveis de criatividade.
Habilidade acima da média: referem-se aos comportamentos observados, relatados ou demonstrados que confirmariam a expressão de traços consistentemente superiores em qualquer campo do saber ou do fazer. Assim, tais traços apareceriam com freqüência e duração no repertório de uma pessoa, de tal forma que seriam percebidos em repetidas situações e mantidos ao longo de períodos de tempo.
Criatividade: são os comportamentos visíveis por intermédio da demonstração de traços criativos no fazer e no pensar, expressos em diferentes linguagens, tais como: falada, gestual, plástica, teatral, matemática, musical, filosóficas ou outras.
Envolvimento com a tarefa: relacionam-se aos comportamentos observáveis por meio de expressivo nível de interesse, motivação e empenho pessoal nas tarefas que realiza.
Um dos aspectos que Renzulli dá ênfase em sua concepção é o motivacional. Esse aspecto inclui uma série de traços, como: perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e uma crença na sua própria habilidade de desenvolver um trabalho importante.
Qual a origem das altas habilidades/superdotação?
Como na grande maioria das demais áreas da vida humana, a discussão científica sobre o talento tem sido permeada por defesas da herança biológica e da estimulação ambiental. Da mesma forma que nos demais casos, é muito difícil poder apontar com exatidão quanto de determinação cabe a um e a outro. Entretanto, pode-se afirmar, com razoável segurança, que ambos contribuem para o processo de desenvolvimento de uma pessoa dotada de altas habilidades/superdotação, e que um ambiente estimulador favorece a manifestação de suas características.
Quais os tipos de alunos com altas habilidades/superdotação?
Dos tipos mencionados na literatura, destacam-se os seguintes:
Tipo Intelectual - apresenta flexibilidade, fluência de pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de resolver e lidar com problemas.
Tipo Acadêmico - evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica.
Tipo Criativo - relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, e até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade.
Tipo Social - revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alto poder de persuasão e de influência no grupo.
Tipo Talento Especial - pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho.
Tipo Psicomotor - destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.
Esses tipos são desse modo considerados nas classificações internacionais, podendo haver várias combinações entre eles e, inclusive, o aparecimento de outros tipos, ligados a talentos de mais habilidades (MEC,SEESP, 2002).
Quais as características mais comuns do alunado que apresenta altas habilidades/superdotação?
Suas características variam, mesmo porque cada um apresenta perfil diferenciado, de pensar, de aprender, de agir e de desenvolver seu potencial.
Entretanto, há um elenco de características consideradas universalmente, como:
Curiosidade e vivacidade mental;
Motivação interna;
Persistência na área de seu talento;
Facilidade de compreensão e percepção da realidade;
Capacidade de resolver problemas;
Energia;
Habilidade em assumir riscos;
Sensibilidade;
Pensamento original e divergente;
Conduta criativa.
Nem todos apresentam as mesmas características, visto que elas podem variar em grau de intensidade e na forma de sistematizar os comportamentos.
Como identificar as altas habilidades/superdotação?
O propósito principal da identificação, jamais deve ser o de rotular, mas sim motivo para estabelecer uma ação pedagógica adequada, que venha ao encontro das necessidades educacionais, sociais e emocionais dos alunos e esteja expressa no projeto político pedagógico da escola.
Há duas linhas direcionais levando à identificação:
Uma através de medidas estandardizadas, apoiadas em um critério fixo, ou ponto de demarcação, indicando o limite mínimo de produção que deve ser alcançado, antes que seja reconhecida a existência de talento;
Outra, ao contrário, desenhando um processo de identificação ao longo de uma dimensão de tempo, baseado na seqüência de acontecimentos naturais do dia-a-dia, orientado pela observação contínua, direta e cuidadosa, nas mais diversas situações de ação, produção, posição e desempenho nas quais as crianças estiverem envolvidas.(GUENTHER,2000)
Contudo, é importante destacar que reconhecer crianças como superdotadas não significa predizer um futuro brilhante para elas. Pessoas que alcançaram a notoriedade só o conseguiram após muitos anos de dedicação e esforço na mesma área, com apoio e estímulo, alto grau de criatividade, além de enfrentar a concorrência no campo de atuação.
Existe amparo legal para o atendimento ao superdotado?
Dentre os documentos legais existentes sobre esta temática, podemos destacar:
LDBEN nº 9394/96
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 02/2001
DELIBERAÇÃO Nº02/03 – CEE
Quais as alternativas para o atendimento ao superdotado?
Segundo as diretrizes básicas traçadas pelo Ministério de Educação – MEC, no Brasil, as alternativas utilizadas são: enriquecimento curricular e aceleração, ou as duas combinadas. Tanto uma quanto a outra devem estar de acordo com as características da escola e adequadas à realidade do aluno.
O que pode fazer o professor pelo aluno superdotado?
É importante apontar que nenhum professor necessita apresentar altas habilidades para ensinar alunos que as apresentam.
O que compete ao professor é a identificação das áreas de altas habilidades do aluno, observando como estas estão sendo utilizadas no contexto escolar, e planejando as atividades de ensino de forma a promover o crescimento de acordo com o ritmo, as possibilidades, interesses e necessidades do educando.
Toda ação pedagógica utilizada com o superdotado pode ser utilizada com qualquer aluno. Considerações como estas, NOVAES (1981) em seu artigo “Benefícios da Educação do Superdotado Extensivo a Todos”, chama atenção para o fato de que propostas de enriquecimento curricular e estratégias tem sido também aproveitados em situações de aprendizagem com alunos não necessariamente superdotados.
Qual o papel da Educação Especial no que se refere ao aluno com altas habilidades/superdotação?
A Educação Especial deve atuar na relação pedagógica para assegurar respostas educacionais de qualidade às necessidades especiais do aluno com altas habilidades/superdotação, por meio de serviços, recursos e metodologias em todas as etapas ou modalidades da Educação Básica, que dela necessitarem para o seu sucesso escolar.
Dicas
O que mais posso ler sobre este tema?
ALENCAR, E.M.L.S. Como desenvolver o potencial criador. Petrópolis: Vozes, 1991.
ALENCAR, E.M.L.S. Perspectivas e desafios da educação do superdotado. Tendências e desafios da educação especial (p.104–124). Brasília: SEESP, 1994.
ALENCAR, E.M.L.S. O processo de criatividade: produção de idéias e técnicas criativas. São Paulo: Makron, 2000.
ALENCAR, E.M.L.S. & FLEITH, D. S. Superdotação: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo: EPU, 2001.
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2001.
COSTA, A C. G. C. Tempo de servir: o protagonismo juvenil passo a passo: um guia para o educador. Belo Horizonte: Universidade, 2001.
FREEMAN, J. & GUENTHER, Z. C. Educando os mais capazes, São Paulo: EPU, 2000.
GARDNER, Howard , Inteligências múltiplas – Um conceito reformulado. São Paulo: Objetiva, 2000.
GUENTHER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos. Um conceito de inclusão. Petrópolis: Vozes, 2000.
GUENTHER, Z. C. Educando o ser humano: uma abordagem da psicologia humanista. São Paulo: Mercado de Letras, 1997.
RAMOS, Cosete. O despertar do gênio – Aprendendo com o cérebro inteiro. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2002.
STERNBERG, R. J. Inteligência plena: ensinando e incentivando a aprendizagem e realização dos alunos. Porto Alegre: Artmed, 2003.
WINNER, E. Crianças superdotadas. Mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1998.
Que filmes posso assistir sobre o tema?
Mentes que brilham
Lances inocentes
Gênio Indomável
Uma mente Brilhante
Sociedade dos Poetas Mortos
Prenda-me se for capaz
Encontrando Forrester
Amadeus
Brilhante
Hackers-Piratas de Computador
Código para o Inferno
Endereços eletrônicos
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