Parceria entre família, escola e profissionais
Família
e escola são pontos de apoio e sustentação à criança. Desta forma,
conhecer o aluno é uma tarefa primordial do professor e da escola, pois
irá interferir no planejamento educacional mais adequado. Já a família, é
o cenário onde se vivem experiências que orientam o comportamento do
indivíduo para a vida. Além destas bases, o aluno pode contar ainda com o
apoio multidisciplinar, cuja função é a de resgatar potencialidades
individuais e fazer com que o sujeito compreenda melhor suas atitudes
diante de atitudes dos outros.
Entender o indivíduo como parte de um sistema, com elementos que
interagem entre si, influenciando cada parte e sendo por ela
influenciado, traz uma luz à compreensão acerca do desenvolvimento
humano, contribuindo para a reflexão sobre os contextos familiar,
escolar e multidisciplinar, que tanto podem ser elementos de inclusão e
segurança, como fontes de conflitos.
A parceria se baseia no relacionamento entre pessoas ou instâncias que
apresentam objetivos comuns. No caso de crianças com dificuldades de
aprendizagem, a parceria entre a família, a escola e também os
profissionais que as acompanham deve ter como objetivo principal a
criação de recursos que viabilizem o crescimento, o aperfeiçoamento
acadêmico e pessoal destas crianças. Guenther (2006) enfatiza que educar
é tarefa tão ampla, complexa e multidimensional, que é ingenuidade
acreditar que poderia ser realizada por uma só entidade.
A partir do momento em que a escola, a família e os profissionais
compreendem as dificuldades e os esforços da criança, é mais fácil
buscar os recursos para ajudá-la a superar os problemas no processo de
aprendizagem.
Na realidade, pode haver obstáculos na comunicação entre estas
categorias. Snowling (2004) ressalta que os pais das crianças com
dificuldades de aprendizagem tendem a ser percebidos de maneira negativa
pela escola. Em geral, esses próprios pais tiveram dificuldade para
aprender a ler e a escrever, e sua ansiedade com relação ao seu filho
pode ser mesclada de culpa sobre sua própria inadequação na
alfabetização. Porém, é exatamente neste ponto que a parceria pode e
deve ser construída. A partir do momento em que o contexto é
compreendido, o apoio se fortalece.
Em um dos casos atendidos pela equipe do Hospital de Olhos foi possível
visualizar como funciona essa parceria ideal. Estavam presentes a equipe
escolar (representada pela professora e a supervisora), a família e a
equipe do hospital. A escola juntamente à família se mostrou interessada
em se inteirar da conduta a ser realizada com o aluno a partir do novo
tratamento. Nós do hospital ficamos inteirados sobre o modo como a
escola trabalha e o que pensam e, portanto, entendemos melhor o dia a
dia escolar. Esta interação trouxe segurança à própria criança e à
família, aumentando a confiança na relação. Todos foram beneficiados!
Quanto mais eficaz for a comunicação, melhor será a parceria e mais
positivos e significativos serão os resultados na formação do sujeito.
Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. A
participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e
consciente. O modo como os professores percebem as limitações de seus
alunos e o modo como alertam os pais sobre estas dificuldades faz toda a
diferença na busca por ajuda. O apoio do profissional especializado
contribui não só para a melhora pedagógica, emocional ou cognitiva, mas
essencialmente na interface entre a escola e a família.
É muito importante que essas três instâncias se tornem parceiras diante
da situação de dificuldade de aprendizagem da criança. Cada um deve
sentir que tem algo a contribuir dentro de suas possibilidades para o
melhor desenvolvimento das potencialidades e talentos da criança.
Marina Reis Botelho
Psicóloga Clínica - CRP 04/24476
Especialista em Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais
Departamento de Distúrbios de Aprendizagem relacionados à Visão
Hospital de Olhos de Minas Gerais
Referências Bibliográficas:
- GUENTHER, Zenita Cunha. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis,RJ: Vozes, 2006.
- GUENTHER, Zenita Cunha. Nova Psicologia para a Educação: educando o Ser Humano. Bauru, SP: Canal6, 2009.
- SNOWLING, Margaret; STACKHOUSE, Joy e cols. Dislexia, fala e
linguagem: um manual do professional. Porto Alegre, RS: Artmed, 2004.
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