“... Ainda desejamos provar para o mundo que yes, we can.Claro que as mulheres podem tudo, está sacramentado. Mas será que devemos querer tudo? Onde foi parar nosso critério de seleção? Já não sabemos distinguir o que é prioridade e o que pode ficar em segundo plano: tudo virou prioridade. E só uma mulher supersônica consegue ter eficiência absoluta em todos os quesitos: melhor mãe, melhor amiga, melhor filha, melhor namorada, melhor esposa, melhor profissional, melhor dona-de-casa e melhor bunda. É morte por exaustão na certa.Eu proponho, nesse Dia Internacional das Mulheres, que a gente dê uma folga para nós mesmas. Vamos mudar de assunto. Que se pare de falar de mulheres que conseguiram engravidar aos 57 anos, que perderam 30 quilos em duas semanas, que beijaram 28 caras em duas noites de carnaval, que aprenderam a ganhar dinheiro sem sair de casa, que visitaram 46 países nos últimos dez anos, que sobreviveram a tragédias, que conseguiram domar as melenas, que são executivas completas, que possuem duas centenas de sapatos, que três semanas depois de separar já estão felizes nos braços de outro, que preparam um risoto de funghi em dez minutos, que têm disposição para rolar no chão com os filhos, que assistiram todos os filmes em cartaz, que aparentam ter 15 anos menos, que exibem uma barriga de tanquinho um mês depois de parir, que lembram trechos dos clássicos que leram na época da faculdade, que superaram traumas, que arranjam tempo para fazer pilates, ioga, musculação e drenagem linfática. Dá orgulho, eu sei, mas é uma competência e uma autopromoção que beira o irreal.Estou com saudade de ler e ouvir sobre as adoráveis qualidades dos homens. Eles merecem voltar a ser valorizados. Isso ajudaria a reduzir nosso estresse e a nos dar uma situada. Com menos holofotes, deixaremos de nos cobrar tanto e recuperaremos um pouco da paz de nossas avós.”Martha Medeiros, 8 de março de 2009.
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