quinta-feira, 17 de maio de 2012

TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR

O que é o transtorno bipolar do humor? Ele é caracterizado por alterações cíclicas do humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia ou de mania em diferentes graus de intensidade. O transtorno bipolar está associado a alterações cerebrais funcionais envolvendo áreas como o lobo pré-frontal e a amígdala, fundamentais para o processamento das emoções e motivação e o hipocampo, importante para a memória. Outro componente envolvido é a produção de serotonina, um neurotransmissor que atua no funcionamento harmônico do sistema nervoso. É uma condição frequente que ocorre em cerca de 1% da população geral. Considerando-se os quadros mais brandos (caracterizados pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia - hipomania), a prevalência pode chegar a até 8% da população. No passado, ele era conhecido por psicose maníaco-depressiva (PMD). Quais são os sintomas desta condição? O início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais estudado. Como nesta faixa etária há peculiaridades na apresentação clínica, o diagnóstico é difícil, o que dificulta estabelecer um tratamento adequado. Na idade adulta, as alterações do humor caracterizam-se por fases que alternam episódios de euforia ou mania e de depressão. Estas fases podem ser reconhecidas pelos sintomas abaixo: Fase maníaca Estado de humor excessivamente elevado, eufórico, como uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva, impaciente. Auto-estima elevada, podendo chegar a uma manifestação delirante de grandeza. A pessoa acha-se dotada de poderes especiais e capacidades únicas. Otimismo e confiança exagerados. Aumento das atividades motoras e hiperatividade. Diminuição da necessidade de sono. Além de geralmente falar em tom alto, a pessoa sente uma forte pressão para falar sem parar, não concluindo ideias, o que é chamado de “fuga-de-ideias”. Dificuldade de concentração. A pessoa torna-se socialmente inconveniente, com um comportamento inadequado e provocador. Agressividade física ou verbal. Aumento do interesse e da atividade sexual. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas. Uso de drogas, especialmente cocaína, álcool e medicamentos para dormir. Fase depressiva O humor está depressivo. Baixa auto-estima com sentimentos de tristeza, vazio, falta de esperança, culpa excessiva ou pessimismo. Choro e melancolia. Sentimentos de inferioridade. Fadiga ou perda de energia. Comprometimento da capacidade física com sensação de cansaço constante. O interesse e o prazer em atividades antes exercidas com entusiasmo são perdidos. O sono está diminuído, mas diferente da fase maníaca, não é um sono reparador, pois a pessoa acorda indisposta e tende a permanecer na cama por várias horas do dia. Dificuldade de concentração. Os pensamentos ficam inibidos, lentos, gerando demora na compreensão e assimilação dos fatos e lentidão na tomada de decisões. Apetite diminuído, podendo haver perda significativa de peso. Pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio. Existem muitas pessoas com transtorno de humor que, entre uma fase e outra, levam uma vida como outra pessoa qualquer sem a doença. Outras podem apresentar sintomas leves. Apenas uma minoria, que não se recupera, torna-se incapaz de levar uma vida sem sintomas. Quais outras características precisam ser reconhecidas neste transtorno? A hipomania é um estado de euforia mais leve, que não causa prejuízo no trabalho ou nas relações sociais. Pode passar despercebida ou ser confundida com estados “normais” de alegria. O estado misto é caracterizado por sintomas depressivos e maníacos acentuados acontecendo simultaneamente em um mesmo dia, ou seja, a pessoa pode sentir-se deprimida pela manhã e progressivamente eufórica com o passar do dia ou vice-versa. Os sintomas frequentemente incluem agitação, insônia e alterações do apetite. Nos casos mais graves, podem haver sintomas psicóticos (alucinações e delírios) e pensamentos suicidas. No transtorno ciclotímico ou ciclotimia há uma alteração crônica e flutuante do humor, alternando períodos de sintomas maníacos e períodos de sintomas depressivos não graves, nem suficientes para se ter certeza de se tratar de depressão ou de mania. É facilmente confundido com uma pessoa marcada por instabilidade crônica do humor. Quais outras doenças geralmente coexistem com o transtorno bipolar do humor? O uso abusivo de drogas como álcool e outras drogas ilícitas (cocaína, crack) é muito frequente entre as pessoas nesta condição médica. Estresse pós-traumático, fobia social, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, síndrome do pânico ou transtorno obsessivo compulsivo também podem ocorrer com mais frequência nestes pacientes. Pessoas com transtorno bipolar tem um risco maior de apresentar doenças da tireoide, enxaquecas, doenças cardíacas, diabetes, obesidade e outras doenças físicas. As pessoas com transtorno bipolar devem monitorar sua saúde física e mental. Se um sintoma não melhora com o tratamento instituído, elas devem conversar com seu médico. Quais são os fatores de risco para o transtorno bipolar? Os cientistas estão aprendendo sobre as possíveis causas da doença bipolar. A maioria concorda que não há uma causa única, mas que muitos fatores em conjunto produzem a doença e aumentam o seu risco. Fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos estão presentes no desencadeamento da doença. Há uma tendência familiar. Crianças com pais ou irmãos com transtorno bipolar têm quatro a seis vezes mais chances de desenvolver a doença, mas a maioria com história familiar da doença não irá desenvolver o transtorno. Fatores ambientais. O uso abusivo de certas substâncias como cocaína, crack ou anfetaminas aumenta o risco de desenvolver a primeira crise, assim como aumenta a frequência das recorrências. A dependência de álcool e de outras drogas é comum, agrava o curso da doença e piora o prognóstico. Também atrapalha na adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio. Como é feito o diagnóstico? O primeiro passo para um diagnóstico correto é conversar com um médico. Um clínico geral ou um psiquiatra podem avaliar a história clínica de um paciente, fazer um exame físico e, se necessário, solicitar exames complementares. O transtorno bipolar não é diagnosticado por exames de sangue ou de imagens, mas estes exames podem ajudar a fazer o diagnóstico diferencial com outras condições como derrame cerebral ou tumores cerebrais. O transtorno bipolar é uma condição a ser acompanhada por um longo período de tempo, às vezes ao longo de toda a vida de um paciente. Qual é o tratamento? Existe cura? O tratamento adequado reduz a incapacidade para o trabalho e para as atividades rotineiras e diminui a mortalidade dos pacientes, principalmente por reduzir o risco de suicídio em sete vezes. A doença não tem cura, mas as pessoas melhoram e retomam suas atividades após a instituição do tratamento adequado. Todo o tratamento deve ser prescrito e acompanhado por médicos experientes. O lítio, medicamento muito usado para estes pacientes, é uma substância tóxica, que em doses adequadas é capaz de reverter os quadros de euforia e evitar as recorrências, mas se usado incorretamente pode trazer mais prejuízos do que benefícios aos pacientes. Geralmente são usados um ou mais estabilizadores do humor, principalmente o carbonato de lítio. A associação com antidepressivos e antipsicóticos pode ser necessária para o controle dos episódios de depressão e de mania, respectivamente. Deve-se tomar cuidado com o uso de antidepressivos, pois eles podem precipitar a euforia ou acelerar a frequência das crises e levar a uma “virada maníaca", ou seja, o paciente sai da depressão e passa rapidamente à exaltação. Muitas vezes são também usados anticonvulsivantes no tratamento. É importante a retirada de substâncias como cafeína, cocaína e anfetaminas e do álcool para melhorar o controle da doença e diminuir sua recorrência. Todos os pacientes devem ter acompanhamento psiquiátrico por longo período. Algumas formas de psicoterapia podem ajudar bastante no tratamento. Fonte: National Institute of Mental Health – National Institutes of Health

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