Meu Filho é Autista? Saiba
identificar sintomas de autismo
O autismo é uma disfunção do desenvolvimento cerebral que acomete até 1
% da população, sendo mais comum em meninos (mas ocorrendo também em meninas).
Existem vários graus e tipos de autismo, por isso, os portadores podem ser bem
diferentes entre si (tanto em gravidade, como no perfil dos sintomas
apresentados). Essa disfunção geralmente se apresenta de forma evidente antes
dos 3 anos de idade. Infelizmente, no Brasil o diagnóstico ainda é muito
tardio, ocorrendo quase sempre na idade escolar (em torno dos 6 anos de idade).
No entanto, pais, familiares, educadores e profissionais de saúde mais atentos
e informados podem mudar essa estatística, identificando sinais iniciais leves
e encaminhando casos suspeito para uma avaliação do especialista (geralmente o
neuropediatra ou psiquiatra infantil). O reconhecimento e a intervenção precoce
estão associados a um melhor resultado.
A criança com autismo, na maioria das vezes, não apresenta alterações
visíveis no rosto ou no corpo (diferente de outras doenças, como a síndrome de
Down, por exemplo, aonde existem características suspeitas na fisionomia).
Quando bebê, geralmente alimenta-se bem, ganha peso e é ativo. Com o tempo, no
entanto, seu desenvolvimento assume aspectos peculiares e ocorrem distorções no
amadurecimento da linguagem, no contato interpessoal e no comportamento.
O momento ideal para o diagnóstico (ou ao menos uma suspeita clínica) é
entre 18 e 36 meses. Mas mesmo antes disso, podem ocorrem indícios que devem
ser atentamente acompanhados pelo especialista. O sinal de alarme mais comum é
o atraso na linguagem, mas quando isso ocorre de forma evidente, geralmente a
criança já apresenta uma série de sintomas como restrição social, dificuldade
de percepção e interação com o outro e comportamentos peculiares, tais como:
apego às rotinas, brincadeiras concretas, estereotipias, intolerância sensorial
(ao barulho e luzes intensas), etc. Em bebês abaixo de 1 ano e meio o
diagnóstico é muito mais difícil pois a demanda social é baixa e os sintomas
podem ser brandos e pouco específicos: alinhamento diferente no colo da mãe,
pouco olho no olho durante as mamadas, crises frequentes de choro sem motivo
aparente, pouca busca e imitação de rostos humanos, entre outros.
O autismo não aparece em exames de rotina, não é apontado no teste do
pezinho, nem mesmo em ressonâncias ou tomografias. O diagnóstico é baseado em
queixas familiares e escolares aliado a avaliação médica estruturada e a
impressão do especialista. A causa do distúrbio é ainda desconhecida, mas
acredita-se em fortes determinantes genéticos, sendo injusto culpar vacinas e o
método de criação por essa patologia. A genética é evidente quando se estuda
casos de recorrência familiar, ainda mais alta em gêmeos idênticos (mesmo que
criados à distância).
Abaixo, listarei alguns sinais e sintomas frequentes no autismo.
Lembrando que a composição clínica é extremamente variada e que diversas
patologias podem mimetizar alguns aspectos do autismo (principalmente aos olhos
de não especialista), tais como: baixa acuidade auditiva, dislexia, psicopatia,
neuropatias metabólicas, etc. Por isso, essa lista abaixa se presta apenas para
levantar uma suspeita e conduzir a criança a uma avaliação personalizada e
especializada.
1- Dificuldade em olhar nos olhos
2- Não mudam o comportamento na presença de outra
pessoa
3- Dificuldade em imitar caretas e expressões faciais
4- Parecem “surdas” reagindo pouco ou nada mesmo ao
ser chamada pelo nome
5- Mostram-se incomodadas quando fora da sua rotina ou
em ambientes com muitos estímulos
6- Não se sentem a vontade com abraços, beijos e
toques
7- Apresentam atraso no desenvolvimento da comunicação
interpessoal (verbal ou não verbal)
8- Dificuldade em compreender metáforas e ironias
(linguagem concreta)
9- Dificuldade em iniciar ou sustentar um diálogo
10-Brincam de forma diferente, com objetos concretos e previsíveis
(hélice de ventilador, rodando um prato, empilhando brinquedos, alinhando
carrinhos, etc.).
11-Não brincam muito de forma lúdica e imaginativa, tipo “faz de conta”
12-Apresentam olhar vago e por vezes parecem distantes
13-Presença de estereotipias motoras. Balançar o tronco, a cabeça ou
outras partes do corpo, aparentemente sem uma intenção clara. (apesar de esta
característica ser muito famosa, não é presente em todos os casos, ou é por
vezes sutil)
14-Ataques repentinos e aparentemente imotivados de fúria (intolerância
ambiental)
15-Parecem ser resistentes à dor.
Como podemos ver os sintomas giram em torno de 3 eixos: alteração de
linguagem e comunicação, comportamento peculiar e redução evidente da interação
social.
O autismo é uma disfunção crônica, o tratamento exige medidas variadas e
individualizadas caso-a-caso. De modo geral, a criança precisa de uma equipe
multidisciplinar com abordagem clínica, fonoterápica, fisioterápica e
pedagógica, a fim de inibir os comportamentos disfuncionais e desenvolver suas
habilidades mais adaptativas. A resposta é melhor quanto antes às terapias
forem iniciadas.
No caso de qualquer suspeita é fundamental procurar um especialista.
Fonte – Neurologista Leandro Teles – CRM
124.984.
Formado e especializado pela USP e Membro
Efetivo da Academia Brasileira de Neurologia (ABN)
Tags Autismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário