quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Adiando os sintomas de Alzheimer com treinamento cerebral
A doença de Alzheimer é uma das mais temidas na atualidade, pois trata-se de uma doença que afeta o cérebro e causa a perda progressiva e irreversível das funções mentais. Como forma de alertar o mundo, o dia 21 de setembro foi eleito o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e, nesta época do ano, várias associações ao redor do mundo realizam atividades para informar a população sobre a doença.
Essa mobilização é importante porque um relatório divulgado pela Alzheimer Disease International indica que 75% dos portadores de Alzheimer não são diagnosticados e, consequentemente, não são orientados em como amenizar seus sintomas. Estima-se que 36 milhões de pessoas convivam com o problema no mundo.
Apesar de ainda não haver cura, pesquisadores têm descoberto que é possível adiar o aparecimento dos sintomas da doença de Alzheimer e, com isso, proporcionar qualidade de vida aos pacientes por mais tempo. Um estudo conduzido por uma equipe canadense de pesquisadores encontrou novas evidências de que o treinamento cerebral em idosos pode melhorar significativamente a memória e adiar os primeiros sintomas da doença de Alzheimer em 2 a 3 anos.
Os resultados publicados na revista Brain – A Journal of Neurology indicam que a esperança para idosos com risco de desenvolverem Alzheimer pode estar na plasticidade cerebral. De acordo com autora principal deste estudo, a Dra. Sylvie Belleville, da Universidade de Montreal, pensava-se que a plasticidade cerebral diminuía com a idade, entretanto o estudo demonstrou que esse não é o caso, mesmo nos estágios iniciais da doença de Alzheimer.
A hipótese que ficou comprovada com este estudo é de que certas células tradicionalmente envolvidas em outros processos do cérebro poderiam temporariamente ser recrutadas para auxiliar através de um simples programa de treinamento de memória, uma vez que elas ainda não haviam sido atingidas pela doença.
Os pesquisadores trabalharam com trinta idosos, sendo 15 saudáveis e 15 com comprometimento cognitivo leve (CCL), uma condição marcada por problemas de memória suficientes para serem notados e mensurados, mas ainda sem comprometer a independência da pessoa. As pessoas com CCL possuem um risco 10 vezes maior de desenvolverem a doença de Alzheimer.
Utilizou-se exames de ressonância magnética funcional para analisar a atividade cerebral nos dois grupos seis semanas antes do treinamento de memória, uma semana antes e também uma semana depois do treinamento. Antes do treinamento de memória, os exames mostraram atividade em áreas tradicionalmente associadas à memória e, como era esperado, uma atividade menor foi observada no grupo com CCL.
Após o treinamento, os exames dos idosos com CCL mostraram atividade aumentada nas áreas tradicionalmente associadas à memória, mas também em novas áreas do cérebro geralmente associadas ao processamento da linguagem, à memória espacial e de objetos, e ao aprendizado. Basicamente, a área saudável do cérebro assumiu novas funções no lugar da área comprometida.
Com isso, não apenas os pesquisadores conseguiram observar esse compartilhamento de tarefas entre áreas distintas do cérebro, mas também notaram uma melhora de 33% no número de respostas corretas dadas pelas pessoas com CCL durante uma tarefa de memória após o treinamento.
O programa de treinamento de memória utilizado foi desenvolvido para ajudar as pessoas com CCL a desenvolver estratégias, como o uso de mnemônicos, e promover a codificação e resgate, como através de listas de palavras, utilizando áreas alternativas do cérebro.
Postado por Cérebro Melhor às 07:14:09 em Científico (41) Comentários (0)
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Como o exercício físico pode ajudar na memória e aprendizagem
Os benefícios do exercício físico para a saúde em geral já são bem conhecidos e amplamente divulgados pela mídia. Seus benefícios para o cérebro também já foram assunto de artigos anteriores em nosso site, porém uma pesquisa recente identificou o exercício físico como sendo o fator chave para a produção de neurônios nas regiões do cérebro associadas à aprendizagem e memória.
Então é de se supor que toda a população esteja se exercitando, não é? O problema é que muitas pessoas têm dificuldade para começar e manter uma rotina de exercícios. Alguns dados indicam que metade das pessoas que começam um programa de exercícios físicos param já nos primeiros 6 meses. Essa desistência está geralmente associada à falta de uma qualidade chamada por alguns pesquisadores de “auto-eficácia”, ou a confiança de uma pessoa em relação a objetivos específicos.
Se você faz parte dessa estatística, não se desespere, pois nem tudo está perdido. Pesquisadores da University of Illinois, nos EUA, exploraram como algumas estratégias e habilidades cognitivas podem auxiliar as pessoas a desenvolverem auto-eficácia, principalmente os idosos.
Um estudo recente do US National Institute of Aging, demonstrou uma relação causal entre o exercício físico e a produção de novas células funcionais no cérebro de camundongos, processo também conhecido como neurogênese ou regeneração do cérebro. Essas novas células foram produzidas principalmente nas regiões associadas à aprendizagem e à memória, justamente as regiões mais afetadas por doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.
De acordo com a Dra. van Praag, responsável pelo estudo, os camundongos tiveram o maior aumento de novas células quando jovens, o que demonstra a importância da atividade física durante a juventude para o desenvolvimento cerebral. Entretanto, como a neurogênese continua ao longo da vida, a pesquisadora sugere que esses benefícios resultantes do exercício físico são significativos para todas as faixas etárias.
Outro estudo, também patrocinado pelo US National Institute of Aging, queria saber se habilidades e estratégias cognitivas específicas podiam melhorar a adesão de idosos a programas de exercícios. Recrutou-se 177 participantes, entre homens e mulheres na faixa dos 60 a 70 anos, que foram submetidos a um programa de exercícios três vezes por semana, durante um ano.
Pesquisadores mediram a auto-eficácia através de um questionário sobre se e com qual frequência a pessoa estabelecia objetivos para si mesma, monitorava seu progresso, gerenciava seu tempo e se engajava em outros comportamentos que exigiam autocontrole. Também aplicaram testes cognitivos que avaliavam a memória espacial, habilidade de multitarefa e a capacidade de inibir respostas indesejadas, o que coletivamente podem ser classificadas como funções executivas.
Descobriu-se que algumas habilidades e estratégias aumentaram a aderência do participante ao programa de exercícios. A habilidade de multitarefa e a capacidade de inibir respostas indesejadas contribuíram significativamente para a aderência por aumentar a auto-eficácia, bem como o uso mais freqüente de estratégias de autocontrole.
Esse estudo, publicado no American Journal of Preventive Medicine identificou três estratégias para você aumentar sua auto-eficácia e começar a se exercitar: lembrar de sucessos anteriores, observar outros fazendo algo que você acha intimidador e recrutar o apoio de outras pessoas.
Como as habilidades cerebrais diminuem com a idade, o fato de elas influenciarem a aderência ao programa de exercícios mostra que os idosos seriam os maiores beneficiados ao adotarem as estratégias para melhorar sua auto-eficácia. Além disso, como uma habilidade cerebral melhora quanto mais a usamos, uma forma de melhorar a auto-eficácia seria através do desenvolvimento de atividades intelectuais específicas, como exercícios para o cérebro.
Postado por Cérebro Melhor às 16:32:27 em Científico (41) Comentários (0)
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Como nosso cérebro resolve quebra-cabeças
Quem não gosta de quebra-cabeças? Toda vez que resolvemos um quebra-cabeças, como forma de recompensa nosso cérebro libera uma substância chamada dopamina, o que nos dá um imenso prazer. Pesquisas recentes sugerem que, além dessa recompensa, a simples ideia de resolver um quebra-cabeça geralmente coloca nosso cérebro num estado receptivo e lúdico que, por si só, já nos proporciona uma fuga prazerosa.
Quando resolvemos um problema, utilizamos basicamente dois processos, um analítico e outro intuitivo. A resolução de problemas pelo processo analítico requer o uso da inferência e da tentativa e erro, enquanto o processo intuitivo está mais associado à famosa “sacada”. Pesquisadores acreditam que esses dois processos não utilizam necessariamente as mesmas habilidades cerebrais, porém a solução criativa de problemas geralmente requer tanto análise quanto intuição, fazendo com que nosso cérebro alterne entre esses dois estados mentais até encontrarmos a solução.
Esse estado criativo em que a análise e intuição trabalham juntas utilizando todos os modos de pensamento gerou uma teoria chamada de memória inteligente. Este conceito é polêmico, pois acaba com a ideia de que um hemisfério do cérebro está mais associado à criatividade e até levou a outro conceito que questiona a prática do famoso brainstorming.
Estudos de neuroimagem avaliaram o que acontece no cérebro de pessoas se preparando para resolver um quebra-cabeças. Resultados sugerem que uma certa “assinatura” na atividade preparatória, que está fortemente correlacionada ao bom humor, pode ser observada no cérebro de pessoas mais propensas a resolverem quebra-cabeças utilizando a intuição instantânea do que a tentativa e erro. Essa assinatura inclui a ativação de uma área do cérebro que fica ativa quando a pessoa expande ou estreita sua atenção. Nesse caso de solução pelo processo intuitivo, os pesquisadores acreditam que o cérebro expande sua atenção, tornando-se mais aberto a distrações e a conexões nervosas mais fracas.
Para avaliar a influência do humor sobre a forma de se resolver quebra-cabeças, os pesquisadores fizeram com que pessoas assistissem a um vídeo antes. As pessoas que assistiram a um vídeo de comédia resolveram mais quebra-cabeças no geral, e significativamente mais pelo processo intuitivo, quando comparados às que assistiram a vídeos assustadores ou chatos.
A ideia de que o bom humor contribui para uma melhor solução criativa de problemas está presente em diversos estudos, inclusive um que o relaciona com a capacidade de notar mais detalhes visuais. A implicação é que um bom humor nos induz a um estado atencional mais amplo e difuso, que nos permite a enxergar e perceber mais, além de pensar de maneira mais ampla. E essa mesma técnica utilizada para resolvermos quebra-cabeças poderia ser, guardadas as devidas proporções, aplicada na resolução de problemas na vida real.
O problema é que nem sempre a intuição necessária para a solução de problemas de maneira criativa aparece no momento que mais precisamos. Segundo o autor de um conceito chamado de intuição estratégica, nossas melhores ideias surgem quando menos esperamos. É uma intuição diferente da intuição comum, aquela mais parecida com um sentimento vago, pois se trata de um pensamento claro. Também difere da intuição especializada, aquela relacionada com julgamentos instantâneos associados a padrões familiares, pois é lenta. A intuição estratégica é aquela que lhe fornece uma ideia clara para uma ação e que pode ficar “cozinhando” na sua cabeça por um bom tempo até emergir, justamente o que não acontece numa sessão de brainstorming.
Para os que não estão familiarizados com o termo, brainstorming é um processo colaborativo de geração de ideias em que vários participantes contribuem livremente com ideias para resolver um problema específico. A crítica do autor a essa prática é que ela não proporciona um momento calmo e contemplativo que precede a intuição estratégica, ou o lampejo criativo.
Já o conceito da memória inteligente refere-se à habilidade de juntar os vários pedaços da nossa memória num pensamento consistente e criativo. Ela é composta de três elementos: pedaços de memória (experiências, informações e conhecimento); as conexões entre esses pedaços; e o processo mental característico que mistura e combina os pedaços e conexões, criando um pensamento mais sofisticado. Segundo os autores do conceito, essa é uma habilidade que pode ser desenvolvida em qualquer momento da vida. O processo basicamente passa por aumentar a capacidade da memória de trabalho, da memória de longo prazo e da atenção, desenvolver técnicas para enxergar melhor as conexões entre essas informações e aprender a relacioná-las de maneira inteligente para se obter soluções criativas.
Esses conceitos já são utilizados por empresas para orientar o método de geração de soluções criativas em grupo. Começa por um processo de análise e discussão conjunta do problema a ser resolvido, seguido pela dispersão do grupo para que cada participante tenha a oportunidade de ter uma intuição estratégica e volte com uma boa ideia. Depois, o grupo se reúne novamente para avaliar as ideias e aperfeiçoar a melhor delas. Desta forma, o método contempla tanto os processos intuitivos quanto os analíticos da criatividade. E se isso tudo for feito com bom humor, os resultados tendem a ser até melhores.
Postado por Cérebro Melhor às 15:54:19 em Científico (41) Comentários (0)
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Não acredite em tudo que seus olhos veem
A neurociência explica que, apesar de nossas sensações parecerem precisas e verdadeiras, elas não necessariamente reproduzem a realidade física do mundo. Isso porque os mecanismos que, na maioria das vezes, reproduzem corretamente os estímulos físicos que chegam até o cérebro são os mesmos responsáveis por nossos sonhos, ilusões e lapsos, como se os sinais recebidos pelos nossos cinco sentidos não fossem processados corretamente pelo cérebro.
Portanto, a famosa expressão “ver para crer” nem sempre é verdadeira. Mais correto estava Sócrates quando disse: “Tudo que sei é que nada sei”. Ainda mais quando se está diante de uma imagem criada para iludir o seu cérebro – uma ilusão visual – justamente o tipo de experiência em que a percepção não corresponde à realidade física.
O estudo de ilusões visuais é de suma importância para se compreender os mecanismos básicos da percepção sensorial, bem como para se encontrar a cura de muitas doenças do sistema visual. Mas, enquanto os pesquisadores utilizam essas ilusões para fins científicos, nós podemos utilizá-las para fins didáticos e de entretenimento. E, por que não, também exercitarmos nossas habilidades de visão espacial! Veja a seguir uma seleção de ilusões visuais muito interessantes.
Essa é uma ilusão que desafia a gravidade e foi considerada a melhor ilusão do ano de 2010 por um concurso americano. O truque envolve uma construção tridimensional de quatro rampas que aparentam descer para fora do centro. Quando bolas são colocadas nas rampas, elas estranhamente sobem a rampa, como se um imã as tivesse atraído.
Esse truque, criado pelo japonês Kokichi Sugihara, é rapidamente compreendido quando a construção é vista de uma perspectiva diferente – cada rampa está na verdade descendo para o centro. Nosso cérebro é enganado porque assumimos que cada coluna de sustentação é vertical e que a coluna do centro é a mais alta. Mas na realidade, as colunas e as rampas estão inclinadas para criar a ilusão.
Essa é uma ilusão tão intrigante quanto simples. As duas imagens da Torre de Pisa são idênticas, mas a da direita nos passa a impressão de estar um pouco mais inclinada do que a da esquerda, como se tivesse sido fotografada de outro ângulo.
A explicação é que nosso cérebro é enganado por seu próprio mecanismo de construir uma imagem mental 3D a partir de uma imagem 2D, enquanto tenta tratar as duas imagens como se fizessem parte de uma única cena. O cérebro interpreta que os dois objetos deveriam convergir no horizonte, como se fosse num desenho em perspectiva, porém, como eles não convergem, pensamos que estão desalinhados. Essa habilidade do cérebro é inconsciente e acredita-se que é desenvolvida durante a infância.
Veja nas imagens acima como um simples truque pode lhe ajudar a perder peso nas fotos – basta virar a foto do seu rosto de cabeça para baixo. Como você pode ver acima, as duas fotos são idênticas, porém somos levados a crer que a foto que está de cabeça para baixo tem um rosto mais longo e, portanto, mais fino.
Esse truque funciona porque nosso cérebro percebe o formato do rosto usando as proporções relativas dos elementos da face, como os olhos, nariz e boca. Então, quando essas proporções são invertidas ao virarmos a foto, a nossa percepção do formato do rosto é distorcida.
Postado por Cérebro Melhor às 08:55:59 em Curiosidades (13) Comentários (0)
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Déficit de atenção e treinamento cerebral
O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade), mais conhecido simplesmente como déficit de atenção, é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade e é tido como a principal causa de fracasso escolar.
Pesquisas em várias regiões do mundo estimam que o déficit de atenção esteja presente em cerca de 3% a 5% das crianças. E em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas sejam mais brandos.
O tratamento geralmente indicado baseia-se em medicamentos e psicoterapia. Porém, se nossa atenção pode ser melhorada através de exercícios, será que esses mesmos exercícios também podem auxiliar no tratamento do déficit de atenção? Pesquisas ao redor do mundo indicam que sim, mas a questão não é tão simples assim.
Primeiro é importante entendermos melhor esse transtorno que, apesar de ser chamado de déficit de atenção, pode ser mais bem definido como um problema no controle intencional da atenção ao invés de um déficit puro na habilidade de prestar atenção. Essa distinção, fundamentada por um corpo crescente de evidências neurocientíficas, é muito importante para a compreensão desse distúrbio tão impactante na sociedade.
Pais de crianças com TDAH, por exemplo, podem achar difícil de aceitar que uma criança que consegue passar horas absorta num videogame tenha um problema de atenção. Professores podem ficar confusos com um estudante que é totalmente dedicado à aula de música, mas é distraído ou disperso em outras aulas.
A Dra. Martha Denckla da Johns Hopkins University, nos EUA, explica que o problema está mais associado a como a atenção é alocada, pois alocar a atenção de forma apropriada para o sucesso escolar requer um grau de auto-controle para deixar de lado uma atividade preferida e focar numa atividade que pode não ser tão interessante ou recompensadora naquele momento.
Ainda não existe um consenso na comunidade científica sobre o que realmente pode estar acontecendo de errado nos cérebros dos indivíduos com TDAH. Existem várias teorias tentando explicar o transtorno: uma falha na inibição de reações, um problema com a memória de trabalho, a forma como a informação é processada no tempo, ou até padrões conflitantes de atividade neural. Cada uma dessas teorias oferece pistas intrigantes, mas ainda não respondem todas as questões.
No livro ADHD and the Nature of Self-Control, escrito pelo Dr. Russel Barkley, ele defende que os tratamentos mais efetivos são os baseados em medicação e em estratégias comportamentais, pois o TDAH trata-se mais de um problema de conseguir fazer o que se sabe do que de saber o que fazer. Essas estratégias compreendem desenvolver métodos para os alunos com TDAH serem lembrados constantemente das regras da sala de aula, por exemplo, ou de quebrar objetivos de longo prazo em vários objetivos de curto prazo, associados a recompensas.
Segundo o Dr. David Rabiner, da americana Duke University, esse tipo de abordagem ao tratamento representa mais um gerenciamento dos sintomas do que uma cura e, consequentemente, quando se para com o medicamento e com as estratégias, os sintomas tendem a retornar. Por isso, o tratamento é de longo prazo e os sintomas melhoram à medida que o sistema de auto-controle do cérebro amadurece e o indivíduo aprende a aplicar essas estratégias ao longo da vida.
Porém ele argumenta que, considerando que o cérebro possui plasticidade, ainda mais durante a infância, seria possível que crianças com TDAH tivessem resultados mais duradouros fazendo exercícios cognitivos. Esse raciocínio está embasado em estudos recentes que fornecem evidências animadoras.
Por exemplo, pesquisas recentes demonstraram que um treinamento computadorizado para memória de trabalho diminuiu os sintomas de TDAH e que esse benefício persistiu além da duração do treino em si. Também existe uma série de estudos em neurofeedback, um tipo de tratamento que tenta ensinar os indivíduos a alterar e controlar aspectos básicos do funcionamento cerebral, em que mudanças duradouras também foram relatadas.
Um desses estudos com treinamento computadorizado foi muito comentado pela mídia em 2005, sendo liderado pelo Dr. Torkel Klingberg, do Instituto Karolinska, na Suécia. O estudo consistia em avaliar a eficácia de um treinamento para a memória de trabalho num grupo de 53 crianças com TDAH e idades entre 7 e 12 anos, sem medicação estimulante. As crianças foram avaliadas antes do treinamento, logo após as 5 semanas de treinamento e, novamente, 3 meses depois.
Os resultados mostraram efeitos positivos no raciocínio complexo, na inibição de reações e na redução nos sintomas de TDAH verificados pelos pais. E muitos desses efeitos permaneceram mesmo 3 meses após o treinamento. Devido a esses resultados promissores, outros estudos foram realizados e essa linha de pesquisa continua crescendo.
O campo do treinamento cerebral computadorizado para ajudar nos casos de TDAH ainda é muito recente, mas já possui muitas evidências animadoras e não há contra-indicação. Portanto, se você possui déficit de atenção, experimente exercitar sua memória de trabalho e sua atenção através de desafios variados, como os oferecidos pelo Cérebro Melhor, e veja como isso funciona para você.
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