Reconheça
uma pessoa esquizoide antes de se apaixonar
O
terapeuta italiano Walter Riso reuniu todos os tipos de destroçadores de
corações no livro "Amores de Alto Risco - Os Estilos Afetivos Pelos
Quais Seria Melhor Não se Apaixonar: Como Identificá-los e Enfrentá-los"
(L&PM Pocket, 2011).
Divulgação
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Na
concepção do autor, são oito os tipos de amantes que podem nos afastar da
felicidade e da troca efetiva de boas experiências e sentimentos: o
"histriônico-teatral", dono de um amor torturante, o
"paranóico-vigilante", com o amor desconfiado, o
"passivo-agressivo", com o amor subversivo, o
"narcisista-egocêntrico", com o amor egoísta, o
"obssessivo-compulsivo", com o amor perfeccionista, o
"antissocial/encrenqueiro", com o amor violento, o
"esquizoide-ermitão", com o amor desvinculado ou indiferente, e o
"limítrofe-instável", com o amor caótico.
De
acordo com Riso, um dos tipos que mais causa sofrimento é o esquizoide, formado
pelos indivíduos que se isolam afetivamente do companheiro em uma forma de
agressão silenciosa. Segundo o italiano, essas pessoas sofrem de certo
analfabetismo emocional e de falta de empatia, com ausência quase absoluta de
erotismo. Mesmo assim, não é difícil cair nas teias delas.
"(...)
muitas pessoas se envolvem e terminam entrando no jogo do amor desvinculado.
Talvez porque, no começo da relação, o sujeito esquizoide não se pareça em nada
com um buraco negro e ninguém suspeite da sua incapacidade de dar e receber
afeto. A impressão que costumam causar durante a conquista é de que são pessoas
respeitosas e um pouco misteriosas, o que, sem dúvida, atrai seus pretendentes.
O disfarce é quase perfeito: a) "boas pessoas", porque enquanto não
se sentem invadidas, não são agressivas; b) "respeitosas", porque o
seu distanciamento é percebido inicialmente como tolerância e consideração; e
c) "misteriosas", porque devido à sua fobia pela intromissão costumam
ser muito reservadas no que diz respeito aos assuntos pessoais."
O
terapeuta alerta que o maior perigo deste estilo afetivo é que os
"defeitos" aparecem apenas depois que o vírus do amor já foi
disparado. "Só quando se está apaixonado por alguém assim é que se pode
sentir o rechaço em sua plenitude e a frieza do ermitão afetivo: esse é o cruel
paradoxo."
Riso
ilustra cada caso com histórias vividas por seus pacientes e explica no livro
quais são os tipos de personalidades mais vulneráveis aos esquizoides. O autor
fala sobre a possibilidade de se conviver com uma pessoa com essas
características e dos riscos de seguir seus caminhos e se transformar em um
"esquizoide falsificado".
Veja
trecho de "Amor de Alto Risco" sobre como
identificar um esquizoide antes de se apaixonar.
Em
princípio, é preciso suspeitar de qualquer um que se proteja demais com
segredos e com atitudes defensivas exageradas. O esquizoide se limitará a ser
formal e amável, mas evitará qualquer tipo de pergunta ou atitude que implique
se comprometer emocionalmente com os demais. Os paranoides e alguns obsessivos
também demonstram receio que os outros se intrometam nas suas vidas; porém, no
esquizoide não aparecem o delírio de perseguição do paranoide nem a assepsia do
perfeccionista.
A
alexitimia não pode ser dissimulada com facilidade. A inexpressividade verbal e
gestual, assim como a pouca vida interior que os caracteriza não passarão
despercebidas. Seu discurso vai ser monótono e carente de energia, parecido com
o que ocorre com o passivo-agressivo. Terá muito poucos amigos e você vai notar
que ele é indiferente à opinião dos demais, assim como à dor e à alegria
alheia.
Mas
onde o estilo esquizoide se faz mais evidente é quando se depara com temas como
o amor, a amizade, a paixão, as fantasias e a compaixão. Ou seja, as questões
em que o fator humano e a sensibilidade ganham mais força. Em poucos encontros,
o efeito atração-repulsa será inevitável: quanto mais você se aproximar dele ou
dela, mais se afastará; quanto mais amável você for, mais distante será o
comportamento dele o dela. E, rapidamente, você estará brincando de gato e
rato.
Algumas
das seguintes pautas poderão servir como guia:
-
Suas respostas emocionais tenderão a ser planas e pouco expressivas.
-
Não desfrutará muito das relações íntimas. Vai aceitá-las a contragosto, sempre
e quando não houver compromisso.
-
Você sentirá que deve tomar a iniciativa quase sempre em relação a tudo, mas a
sua negligência não será motivada por intenções subversivas, como no caso do
passivo-agressivo. Simplesmente, "dará no mesmo" para ele, pois nada
o deixa entusiasmado.
-
Será uma pessoa solitária, com poucos amigos e terá uma história afetiva muito
pobre.
-
Quando você perguntar das suas expectativas ou dos seus sonhos, perceberá que
as suas metas e a sua vida interior são pobres. Pecará por um realismo cru,
como se as suas fantasias não pudessem ir mais além do concreto.
-
Vai lhe dar a impressão de estar diante de uma pessoa imune às críticas e aos
elogios dos demais.
-
Se você falar de amor, ele ou ela evitará se envolver na conversa. O incômodo
ficará evidente.
O
estilo esquizoide, juntamente com o antissocial, representa a máxima expressão
da indiferença: uma passiva, a outra ativa. Mas enquanto o antissocial tentará
seduzir com uma atitude encrenqueira para logo usar você, o ermitão procurará
relações circunstanciais que não lhe solicitem esforço afetivo. O estilo
esquizoide não dá nem recebe, apenas basta a si mesmo. *
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