domingo, 29 de julho de 2012

CRIANÇAS TD

Aprenda a lidar com crianças desafiadoras

Teresa Paula Marques, psicóloga clínica In: CERTA – Maio de 2009
Lidar com uma criança com transtorno de oposição e desafio constitui um grande repto para os pais
É comum que crianças com transtorno de hiperatividade e défice de atenção (THDA) apresentem também outros problemas. As patologias que surgem habitualmente associadas ao THDA são os comportamentos de desafio e oposição, ansiedade, transtornos de conduta, tiques e perturbações do humor. Assim, os comportamentos de oposição constituem a maior percentagem de casos.
COMPORTAMENTO de oposição pode evoluir para alterações mais sérias do comportamento, por isso é urgente consultar um profissional
O QUE É E COMO SE MANIFESTA
O transtorno de oposição e desafio (TOD) pode ser definido como um padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes observados nas interações sociais da criança com adultos e figuras de autoridade de uma forma geral, sejam pais, tios, avós ou professores. As crianças com TOD facilmente perdem a paciência, discutem com os adultos, desafiam e recusam obedecer a solicitações ou regras, incomodam deliberadamente os outros, não assumem os seus erros e estão quase sempre irritadas.
Devido aos sintomas mencionados, existe nestas crianças ou adolescentes um prejuízo significativo no funcionamento social e acadêmico. Estão constantemente envolvidas em discussões e são muitas vezes rejeitadas pelos colegas de escola, o que lhes traz problemas ao nível da autoestima.
Os sintomas iniciam-se antes dos oito anos de idade e esta perturbação apresenta-se, em número significativo de casos, como um precursor do transtorno de conduta, forma mais grave de perturbação disruptiva do comportamento.
A IMPORTÂNCIA DAS REGRAS
Russell Barkley, um dos mais conceituados especialistas na área da hiperatividade, considera que o comportamento de oposição se encontra associado ao transtorno de hiperatividade, sendo este o responsável pelas dificuldades da criança na regulação das emoções. Por outro lado, as famílias de hiperactivos parecem ter elas próprias dificuldade em gerir as emoções, pelo que não conseguem ensinar as crianças como fazê-lo adequadamente. Estas crianças precisam, então, de ser educadas com alguma firmeza, temperada de afeto.
Segundo Barkley, sempre que os pais queiram dar uma ordem devem posicionar-se perto da criança, com voz firme, sem deixarem de ser amorosos, usando o verbo na forma imperativa. De preferência há que olhar diretamente nos olhos da criança e, se houver resistência, socorrerem-se de uma discreta pressão física (segurar-lhe no braço,
por exemplo). Há que evitar retardar ou desistir de uma ordem quando esta já foi proferida.
O que os pais não devem fazer
O conhecimento de certas estratégias comportamentais pode ajudar muitos pais a corrigirem hábitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para o aumento da tensão familiar. Vamos referir alguns aspectos que devem ser evitados porque estimulam a desobediência.
• DAR ORDENS À DISTÂNCIA Falar de um quarto para o outro (onde está a criança) é algo completamente ineficaz, pois ela irá manter-se desatenta e sem cumprir a ordem. As ordens têm de ser dadas presencialmente, assegurando-se que ela as compreendeu.
• DAR ORDENS VAGAS Pedir à criança que se comporte “como um bom menino” não clarifica o que se espera e o que não se espera que ela faça. Há que ser o mais concreto possível!
• DAR ORDENS COMPLEXAS Havendo de antemão dificuldade em fixar na memória de curto prazo as atividades a fazer, solicitar a execução de várias tarefas só servirá para tornar a sua realização menos provável.
• DAR ORDENS COM ANTECEDÊNCIA Ordenar a uma criança com TOD que, quando acabar de brincar, tem de arrumar os brinquedos, só serve para interromper o prazer que ela está a ter, já que as ordens serão esquecidas.
• DAR ORDENS ACOMPANHADAS DE MUITAS EXPLICAÇÕES Muitos pais, de modo a evitar parecer autoritários, perdem-se em argumentações sobre as necessidades do cumprimento das ordens. Como a criança não consegue estar atenta durante muito tempo, é bastante provável que no final da explanação do progenitor ela já não se lembre da maior parte do que foi dito.
• DAR ORDENS SOB A FORMA DE PERGUNTA Perguntar”podes ir agora fazer os trabalhos de casa?” deixa um espaço livre para que a criança diga que não. As ordens devem ser claras e assertivas.
• DAR ORDENS EM TOM AMEAÇADOR É frequente que, antevendo a batalha que vai ser travada após uma solicitação, os pais deem a ordem já em tom de ameaça, como se a recusa já tivesse ocorrido. Assim, a criança vai tender a imitar o progenitor e a reagir no mesmo tom, uma vez que o clima de hostilidade já está instalado.
Um aspecto de enorme importância prende-se com a consistência entre o casal, ou seja, o pai e a mãe devem esforçar-se por ter a mesma atitude, caso contrário essa desarmonia será facilmente detectada pela criança e até usada para manipular os progenitores. Face a este quadro, torna-se muitas vezes necessário um acompanhamento psicológico. O psicólogo pode ajudar a criança a lidar com a frustração e a encontrar canais mais saudáveis de escoamento dos sentimentos de hostilidade, ao mesmo tempo que se torna necessário ajudar os pais a lidar por essa difícil e desgastante tarefa.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Aprenda a lidar com crianças desafiadoras

Teresa Paula Marques, psicóloga clínica In: CERTA – Maio de 2009
Lidar com uma criança com transtorno de oposição e desafio constitui um grande repto para os pais
É comum que crianças com transtorno de hiperatividade e défice de atenção (THDA) apresentem também outros problemas. As patologias que surgem habitualmente associadas ao THDA são os comportamentos de desafio e oposição, ansiedade, transtornos de conduta, tiques e perturbações do humor. Assim, os comportamentos de oposição constituem a maior percentagem de casos.
COMPORTAMENTO de oposição pode evoluir para alterações mais sérias do comportamento, por isso é urgente consultar um profissional
O QUE É E COMO SE MANIFESTA
O transtorno de oposição e desafio (TOD) pode ser definido como um padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes observados nas interações sociais da criança com adultos e figuras de autoridade de uma forma geral, sejam pais, tios, avós ou professores. As crianças com TOD facilmente perdem a paciência, discutem com os adultos, desafiam e recusam obedecer a solicitações ou regras, incomodam deliberadamente os outros, não assumem os seus erros e estão quase sempre irritadas.
Devido aos sintomas mencionados, existe nestas crianças ou adolescentes um prejuízo significativo no funcionamento social e acadêmico. Estão constantemente envolvidas em discussões e são muitas vezes rejeitadas pelos colegas de escola, o que lhes traz problemas ao nível da autoestima.
Os sintomas iniciam-se antes dos oito anos de idade e esta perturbação apresenta-se, em número significativo de casos, como um precursor do transtorno de conduta, forma mais grave de perturbação disruptiva do comportamento.
A IMPORTÂNCIA DAS REGRAS
Russell Barkley, um dos mais conceituados especialistas na área da hiperatividade, considera que o comportamento de oposição se encontra associado ao transtorno de hiperatividade, sendo este o responsável pelas dificuldades da criança na regulação das emoções. Por outro lado, as famílias de hiperactivos parecem ter elas próprias dificuldade em gerir as emoções, pelo que não conseguem ensinar as crianças como fazê-lo adequadamente. Estas crianças precisam, então, de ser educadas com alguma firmeza, temperada de afeto.
Segundo Barkley, sempre que os pais queiram dar uma ordem devem posicionar-se perto da criança, com voz firme, sem deixarem de ser amorosos, usando o verbo na forma imperativa. De preferência há que olhar diretamente nos olhos da criança e, se houver resistência, socorrerem-se de uma discreta pressão física (segurar-lhe no braço,
por exemplo). Há que evitar retardar ou desistir de uma ordem quando esta já foi proferida.
O que os pais não devem fazer
O conhecimento de certas estratégias comportamentais pode ajudar muitos pais a corrigirem hábitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para o aumento da tensão familiar. Vamos referir alguns aspectos que devem ser evitados porque estimulam a desobediência.
• DAR ORDENS À DISTÂNCIA Falar de um quarto para o outro (onde está a criança) é algo completamente ineficaz, pois ela irá manter-se desatenta e sem cumprir a ordem. As ordens têm de ser dadas presencialmente, assegurando-se que ela as compreendeu.
• DAR ORDENS VAGAS Pedir à criança que se comporte “como um bom menino” não clarifica o que se espera e o que não se espera que ela faça. Há que ser o mais concreto possível!
• DAR ORDENS COMPLEXAS Havendo de antemão dificuldade em fixar na memória de curto prazo as atividades a fazer, solicitar a execução de várias tarefas só servirá para tornar a sua realização menos provável.
• DAR ORDENS COM ANTECEDÊNCIA Ordenar a uma criança com TOD que, quando acabar de brincar, tem de arrumar os brinquedos, só serve para interromper o prazer que ela está a ter, já que as ordens serão esquecidas.
• DAR ORDENS ACOMPANHADAS DE MUITAS EXPLICAÇÕES Muitos pais, de modo a evitar parecer autoritários, perdem-se em argumentações sobre as necessidades do cumprimento das ordens. Como a criança não consegue estar atenta durante muito tempo, é bastante provável que no final da explanação do progenitor ela já não se lembre da maior parte do que foi dito.
• DAR ORDENS SOB A FORMA DE PERGUNTA Perguntar”podes ir agora fazer os trabalhos de casa?” deixa um espaço livre para que a criança diga que não. As ordens devem ser claras e assertivas.
• DAR ORDENS EM TOM AMEAÇADOR É frequente que, antevendo a batalha que vai ser travada após uma solicitação, os pais deem a ordem já em tom de ameaça, como se a recusa já tivesse ocorrido. Assim, a criança vai tender a imitar o progenitor e a reagir no mesmo tom, uma vez que o clima de hostilidade já está instalado.
Um aspecto de enorme importância prende-se com a consistência entre o casal, ou seja, o pai e a mãe devem esforçar-se por ter a mesma atitude, caso contrário essa desarmonia será facilmente detectada pela criança e até usada para manipular os progenitores. Face a este quadro, torna-se muitas vezes necessário um acompanhamento psicológico. O psicólogo pode ajudar a criança a lidar com a frustração e a encontrar canais mais saudáveis de escoamento dos sentimentos de hostilidade, ao mesmo tempo que se torna necessário ajudar os pais a lidar por essa difícil e desgastante tarefa.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Compartilhando: Meu Filho Bipolar

Compartilhando: Meu Filho Bipolar: Este especial acompanha quatro famílias com filhos  diagnosticados com transtorno bipolar e  mostra como essa condição afeta significa...

domingo, 15 de julho de 2012

LIVRO DE ALÍCIA



IDIOMAS DE APRENDENTES
PSICOPEDAGOGOS, 
Eis o prefácio de um livro maravilhoso!
É Alícia Fernandes!

Permitam-me iniciar este prefácio adiantando-lhes uma passagem que
Alicia Fernández escreve neste livro:
Se um aluno "está no mundo da lua", o problema do professor será o
de como trazer a "lua" ao mundo da criança, já que, se quiser expulsar
a "lua" da aula, expulsará também o aprendente que há em seu aluno.
Por outro lado, essas "luas" costumam estar habitadas pelas situações
mais dolorosas da vida das crianças.
É na leitura de pepitas como essas que as palavras vão atravessando
metamorfoses muito curiosas. Por momentos, já não é mais uma
leitura que pressupõe um certo distanciamento eu-outro; há um pólus
de afeição presente, e o corpo responde em um pulsar alto, tão alto
que as palavras liquesceram e a pura emoção ecoa de algum lugar
muito profundo: "sim, é isto, eu também preciso aprender dessas
lindas e dolorosas luas que habitam em mim"!
Quantas vezes escutamos que a psicopedagogia historicamente se
relacionou com a enfermidade individual, em uma perspectiva de
recuperação daquilo que faltava à criança para poder pertencer ao
sistema educacional? Idioma único, criado para responder a uma
demanda social, caminho naturalizado, expulsivo da essência
definidora de cada sujeito. Momentos históricos marcantes, ainda
muito presentes em nossa realidade psicológica e educacional, os
quais criaram sistemas identificatórios - as disciplinas - com o objetivo
de normatizar o pensamento científico e estabilizar as práticas sociais.
Ficamos, assim, muitas vezes impedidos de diferenciar o urgente do
importante. Preocupamo-nos mais com que as crianças aprendessem
sobre a lua do que nós aprendermos com as luas que habitam as
crianças.
Os idiomas do aprendente é um livro que celebra o encontro particular
com as nossas subjetividades ao mesmo tempo ensinantes e
aprendentes, lugar privilegiado por onde podemos transitar no espaço
da teoria e da prática psicopedagógicas. Lugar igualmente difícil, pois
não se trata de uma estocagem ) de informações ou técnicas sobre
como ou o quê fazer para transmitir algum conhecimento ao outro.
Como aponta Alicia, muito mais importante que os conteúdos
pensados é o espaço que possibilita fazer pensável um determinado
conteúdo. É nesse espaço, onde nada é exclusivo - os conteúdos
aprendidos ou não-aprendidos, os condicionantes orgânicos, as
operações cognitivas, os determinantes inconscientes - e tudo se
articula em uma escuta entre, que os idiomas de cada um serão
expressos como possibilidade.
"Idioma", como lembra Alicia, que em grego significa "caráter próprio
de alguém, particularidade de estilo", é um conceito que não se presta
a traduções ligeiras. Se quisermos traduzir nosso idioma de modo
apressado, provavelmente perderemos o contato com a riqueza e a
alegria de sua potência -justamente o fato de que não há traduções
rápidas nem totalizantes, mas re-traduções, rearranjos infinitos que
brincam com nossos pensares. O caráter próprio de alguém, a
particularidade com que vai imprimindo sua relação com o
conhecimento e seu idioma, o trabalho psíquico que implica construirse
aprendente/ensinante, estes são temas que Alicia vai aprofundando
neste livro, como quem segue esculpindo uma obra de arte em pedra
dura - não para deixá-la lisa, mas para seguir aprofundando suas
gretas. Sem querer carimbar conceitos já conhecidos, busca os seus
interstícios, alçando vôos para que o passado siga autonomizandose/
autorizando-se, possibilitando que a teoria respire dentro de um
mundo que não cessa de desafiar. Uma das chaves preciosas por
onde a teoria respira está na riqueza com que Alicia ensina-nos sobre
o mais simples e o mais profundo e paradoxal do processo de
aprendizagem - só ensina quem se deixa ensinar...
Esta obra é dedicada, fundamentalmente, a dialogar com aqueles que,
segundo Alicia, muito a ensinaram: seus alunos, leitores e
aprendensinantes. Deles escutou um especial interesse pelo tema das
Modalidades de Aprendizagem, apresentado no livro A inteligência
aprisionada (1990), o qual seguiu aprofundando no segundo livro A
mulher escondida naprofessora (1994), com uma reflexão mais
intensa sobre as modalidades ensinantes a partir dos vínculos
primários corporais/vigorizantes.
No livro atual, embora diferencie as modalidades de aprendizagem
das modalidades de ensino (até porque, por exemplo, nem toda
modalidade de ensino patogênica gera uma modalidade de
aprendizagem patogênica), ensina-nos que não há nada mais
enriquecedor do que propiciar ao nosso aprendente que ele descubra
que tem algo para ensinar aos outros, sejam crianças ou adultos, pais,
terapeutas, professores. O ensinante que se situa como se tivesse
que transmitir apenas aquilo já sabido, já pensado, como poderia não
cindir o ato de ensinar do ato de pensar? Alicia não defende o
estereótipo de um vínculo ensinante-aprendente ideal ou idealizado,
mas fala que o pensar habita o momento, o instante da relação, o
lugar de eleição/ escolha e que isso implica autorização para a
criatividade e uma responsabilidade ética. Escolher traduz-se, então,
em autoria e responsabilidade, sempre que nessas posturas estiverem
contidas nossas marcas pessoais, nossa própria história contada por
outros, mas recontada e ressignificada por nós mesmos, o
reconhecimento de nossa originalidade: "historicizar-se é quase
sinônimo de aprender..."
Como dizia no início deste prefácio, Os idiomas do aprendente remete
o leitor ao avesso das traduções rápidas e fruto de um pensamento
unidirecionado e engessado. Para nós, psicopedagogos e estudiosos
da aprendizagem, o exercício da autoria de pensamento torna-se
ainda mais necessário quanto mais vivemos o engano de que a lógica
do mundo atual tudo pode explicar, que o único que ultrapassa o
número dos problemas é o número de soluções que é proposto. Se há
adultos e crianças distraídos, desatentos, requerem-se mais soluções,
mais técnicas psicológicas, mais tecnologia, mais informação, e o
resultado é, no limite, mais problemas. A chave desse ridículo radica
em que as soluções estão feitas com a mesma lógica, com o mesmo
conhecimento que os problemas que resolve: problema e solução são
a chave e o avesso da mesma realidade que nos embaraça - mais do
mesmo. O excesso é nossa exigüidade. Este livro é também uma
denúncia forte, fundamentada e enunciadora de uma ética frente aos
sofrimentos humanos. Mais uma vez, Alicia introduz uma série de
perguntas e reflexões para que, partindo da psicopedagogia, os
problemas de aprendizagem possam ser abrangidos em sua
complexidade, que inclui os significados pessoais, vinculares, éticos e
políticos, tanto de quem é escutado como de quem escuta. Talvez,
desse modo, estejamos mais próximos da polissemia do ser, dos
idiomas do aprendente.
Esta obra potencializa, assim, o pensamento que vem sendo
desenvolvido por Alicia, possibilitando ao leitor novos encontros com
seu trabalho para que ele também possa potencializar-se. Sua
intensidade emocional em nada difere de sua intensidade teórica, e o
resultado é um livro que nos comove porque nos ensina e nos ensina
porque nos comove.

Regina Orgler Sordi




AMOR DE PAI

Branco, negro, gordo, magro, católico, protestante, rico, pobre. Não importa quantos fatores sociais, econômicos, culturais ou religiosos difiram entre as pessoas, nós todos temos algo em comum: viemos ao mundo graças a um pai e uma mãe, e o amor deles por nós faz toda a diferença na nossa vida.

Segundo um novo estudo, ser amado ou rejeitado pelos pais afeta a personalidade e o desenvolvimento de personalidade nas crianças até a fase adulta. Na prática, isso significa que as nossas relações na infância, especialmente com os pais e outras figuras de responsáveis, moldam as características da nossa personalidade.

“Em meio século de pesquisa internacional, nenhum outro tipo de experiência demonstrou um efeito tão forte e consistente sobre a personalidade e o desenvolvimento da personalidade como a experiência da rejeição, especialmente pelos pais na infância”, disse o coautor do estudo, Ronald Rohner, da Universidade de Connecticut (EUA). “Crianças e adultos em todos os lugares tendem a responder exatamente da mesma maneira quando se sentem rejeitados por seus cuidadores e outras figuras de apego”.

E como elas se sentem? Exatamente como se tivessem sido socadas no estômago, só que a todo momento. Isso porque pesquisas nos campos da psicologia e neurociência revelam que as mesmas partes do cérebro que são ativadas quando as pessoas se sentem rejeitadas também são ativadas quando elas sentem dor física. Porém, ao contrário da dor física, a dor psicológica da rejeição pode ser revivida por anos.

O fato dessas lembranças – da dor da rejeição – acompanharem as crianças a vida toda é o que acaba influenciando na personalidade delas. Os pesquisadores revisaram 36 estudos feitos no mundo todo envolvendo mais de 10.000 participantes, e descobriram que as crianças rejeitadas sentem mais ansiedade e insegurança, e são mais propensas a serem hostis e agressivas.

A experiência de ser rejeitado faz com que essas pessoas tenham mais dificuldade em formar relações seguras e de confiança com outros, por exemplo, parceiros íntimos, porque elas têm medo de passar pela mesma situação novamente.

É culpa do pai, ou é culpa da mãe?

Se a criança está indo mal na escola, ou demonstra má educação ou comportamento inaceitável, as pessoas ao redor tendem a achar que “é culpa da mãe”. Ou seja, que a criança não tem uma mãe presente, ou que ela não soube lhe educar.

Porém, o novo estudo sugere que, pelo contrário, a figura do pai na infância pode ser mais importante. Isso porque as crianças geralmente sentem mais a rejeição se ela vier do pai.

Numa sociedade como a atual, embora o nível de igualdade de gênero tenha crescido muito, o papel masculino ainda é supervalorizado e muitas vezes vêm acompanhado de mais prestígio e poder. Por conta disso, pode ser que uma rejeição por parte dessa figura tenha um impacto maior na vida da criança.

Com isso, fica uma lição para os pais: amem seus filhos! Homens geralmente têm maior dificuldade em expressar seus sentimentos, mas o carinho vindo de um pai, ou seja, a aceitação e a valorização vinda da figura paterna, pode significar tudo para um filho, mesmo que nenhum dos dois saiba disso ainda.

E para as mães, fica outro recado: a próxima vez que vocês forem chamadas à escola por causa de algo que o pimpolho aprontou, tenham uma conversa com o maridão. Tudo indica que a culpa é dele! Brincadeiras à parte, problemas de personalidade, pelo visto, podem resolvidos com amor de pai. E quer coisa mais gostosa


sábado, 7 de julho de 2012






EFEITOS NEGATIVOS DOS MEIOS ELETRÔNICOS
EM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS
Valdemar W. Setzer
Depto. de Ciência da Computação, Instituto de Matemática e Estatística da USP
www.ime.usp.br/~vwsetzer
Original de 12/08; versão 13.2 de 19/1/12
º – – ª