| Por Flávio           Gikovate* Elas querem saber onde estão           seus companheiros e o que seus filhos fazem "a esta hora ainda           fora de casa" preocupam-se excessivamente com a saúde dos seus           pais e de outros parentes queridos. As mulheres controladoras temem           que qualquer titubeio ou desatenção traga conseqüências desastrosas.           Acreditam que as coisas estão calmas graças ao empenho que têm em se           concentrar o tempo todo nelas. Sabem que gastam enorme energia nesse           esforço, mas acham que seu sacrifício é responsável pela conquista de           longos períodos de concórdia e bem-estar.  Essa tendência não é           exclusividade das mulheres, mas vou refletir sobre a questão, aqui,           considerando apenas o aspecto feminino. Mulheres controladoras tendem           a ser muito ciumentas em relação aos seus maridos. À noite, fazem           aquelas perguntas aparentemente sem importância, mas que expressam um           desejo enorme de saber exatamente por onde andaram esses homens –que,           segundo elas, estão sempre dispostos a viver aventuras românticase           eróticas. São possessivas também com os filhos, que tentam manter sob           suas asas.  Diante de qualquer suspeita           de que algo escapou do controle, entram imediatamente em pânico.           Experimentam um desespero brutal ao imaginar seus maridos com outras           mulheres e terríveis desastres envolvendo seus filhos. Tudo isso           acontece sempre que algum deles se atrasa uns poucos minutos. Suas           mentes são catastróficas e pessimistas.  A verdade é que não sabemos           nada do que realmente importa. Não sabemos de onde viemos, para onde           vamos, por quanto tempo estaremos aqui na Terra, nem quais as coisas           boas e más que ainda estão para acontecer. Nem todos toleram bem essa           falta de respostas. Aliás, aprender a lidar com a incerteza em torno           da nossa condição é fundamental para que consigamos viver de forma           mais feliz. Quem aceita isso sabe que o futuro é desconhecido e o           compara a um jogo, como se estivéssemos em um grande cassino onde,           todos os dias, podemos ganhar ou perder.  Pessoas que não suportam a           idéia da incerteza vivem em um estado de permanente ameaça, a um           passo do pânico e do desespero. São criaturas frágeis, pois não se           sentem com força para suportar as frustrações e decepções que a vida           pode nos impor a qualquer momento. Vivem eternamente preparadas para           o pior. Como não podem se assegurar de que as coisas vão dar certo,           optam pela certeza de que vão dar errado. E essa certeza nós           conseguimos ter, uma vez que induzimos os fatos na direção negativa           com muito mais facilidade do que na positiva. Por exemplo, a mulher           que teme ser abandonada por um homem poderá se comportar de modo tão           desagradável e destrutivo que irá contribuir para que seu pesadelo           vire realidade.  É difícil conviver com           mulheres tão negativas. Ainda que nem sempre seja sua intenção, elas           exercem controle total sobre aqueles que lhe são caros.           Transformam-se em tiranas, em criaturas que tentam mandar em tudo e           em todos, sempre com o intuito de impedir as desgraças. Aborrecem           aqueles que mais amam, além de tornar suas próprias vidas miseráveis.           E, pior do que tudo, não conseguem impedir tragédia alguma. A única           saída é aceitar a vida como ela é.  *Flavio Gikovate é médico           psiquiatra, psicoterapeuta e escritor. Autor, entre outros livros, de           "Ensaios sobre o Amor e a Solidão", "A Liberdade           Possível" e "A Arte de Educar".  | 
         
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