sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ALFABETIZAÇÂO

OLÁ COLEGAS PROFESSORAS, A OFICINA DE TEXTO É MUITO LEGAL
Material organizado para o Seminário de Formação Continuada de Professores:
Desafios e Perspectivas da Secretaria Municipal de Educação de Fazenda Rio Grande.
Realização ICEET- Instituto de Ciência, Educação e Tecnologia
Autora: Vera
OFICINA DE REESCRITA DE TEXTO
veraferronato@gmail.com – fone: 32741632/ 99925672
Abaixo, há textos impressos (de autor) com problemas intencionalmente produzidos
para esta oficina, como sugestão de material de apoio, a fim de atender algumas
dificuldades específicas de sala ou de determinados alunos.
1. Reescrita de texto (segmentação de palavras)
Uma menina de 7 anos leu um livro que conta a história de um gato.
Como lição de casa, a professora pediu que ela escrevesse sua opinião sobre esse
livro. Veja o que ela escreveu:
Eu achei maisoumenos porque
sempre a parecia em todas as folhas
de papel uma mesma palavra
chamada gato e já da va para
saber oque a história ia contar
lendo as páginas 1,2,3.
O livro era muito curto e fácil
eo desenho era sempre o mesmo.
Acho que para ficar mais legal a
história devia ser uma grande aventura.
Circule os 7 erros que aparecem no texto. Escreva na folha como a menina deveria
ter escrito esse texto.
2. Reescrita de texto (problemas de ortografia e paragrafação)
A lenda que você vai ler tem origem européia. Mas a pessoa que a escreveu não
dominava bem a Língua Portuguesa e cometeu oito erros. Circule-os no texto.
Em seguida, reescreva o texto corretamente, organizando-o em quatro parágrafos.
• O primeiro parágrafo fala sobre o pedido de clemência de prisioneiro.
O segundo parágrafo comenta o que disse o diretor do presídio.
O terceiro parágrafo mostra a atitude do prisioneiro após ouvir o diretor.
O quarto parágrafo trata da salvação do homem e do milagre que aconteceu na
semana de Páscoa.
Símbolos da Páscoa: ovos e coelhos
Uma lemda européia nos comta que um prisioneiro
comdenado a morte pedia clemência, dizendo-se inocente. O
diretor do presídio retrucou que só acreditaria em sua
inocência se uma das coelias pusesse um ovo. O condenado,
então, rezou à Virgem Maria pedindo que o salvasse da
morte. Na manhã seguite, a coelia havia à virgem Maria
pedindo que o salvasse da morte. Na manhã segite, a coelia
havia botado um ovo e o homem foi savo. O milagre
aconteceu na Semana da Páscoa.
3. Reescrita de texto (letra maiúscula)
Quase todas as letras maiúsculas do texto abaixo “encolheram” e se transformaram
em minúsculas. Descubra as palavras que deveriam começar com letra maiúscula, usando
estas regras: toda palavra que inicia uma frase e todo nome próprio devem ser escritas
com letra maiúscula. Sabendo disso, circule essas palavras no texto e, em seguida, copieo
corretamente.
Carequinha
carequinha é um dos palhaços mais populares do circo brasileiro. nasceu em rio
bonito, rio de janeiro, em 1915. veja como ele conta seu nascimento: “minha
mãe, que era aramista e trapezista, estava andando no arame quando sentiu as
dores do parto. aí desceu e deu à luz ao carequinha, dentro da barra do circo”.
esse era o circo peruano, da família savalla. sobre a vida no circo, recorda: “ a
nossa vida do circo: viajar, viajar muito – isso é muito bom!”. Foi pioneiro na
televisão brasileira, tendo apresentado nela o primeiro programa infantil.
CARVALHO, Raimundo, MOTA, Ivan Luís B. Circo Universal.
Belo Horizonte: Dimensão, 2000, p. 35.
4. Reescrita de texto ( problemas ortográficos)
Leia este texto que selecionamos para você e conheça o pintor que gostava de
brincar com formas coloridas. Mas atenção! O texto não foi revisado. Descubra quais
palavras não estão escritas corretamente. Cada vez que encontrar uma palavra com erros,
circule-a com lápis-de-cor.
As cores de Volpi
“Era uma casa muinto engraçada, não tinha teto, não tinha nada.”
Muita gente conhece essa música, mas se você quer mesmo conhecer
casas engrassadas tem de cohecer o tralho de pintor Alfredo Volpi. Ele
pintou paisagens, bandeirinhas, barcos e muitas casas com janelas e
5.Reescrita de texto ( problemas de pontuação)
No texto abaixo faltam sinais de pontuação. Reescreva-o, empregando corretamente
os sinais de pontuação.
6. Reescrita de texto ( problemas de coesão)
portas diferetes. Nasceu na Itália em 1896 e veio para o Brasil como
imigramte ainda bem pequininho. Começou pitando grades painés em
paredes. Depois passou a retratar as casas do bairro omde morava e
paisagems do litoral de São Paulo. Com o tenpo isso mudou. As pessoas
foram sumimdo, os telhados desaparecedo, passando a destacar as
portas e janelas. Volpi não gostava só de pitar, ele também fazia suas
telas esticando o tecido de linho sobre os pedaços de madeira. Ele ainda
fabricava suas timtas misturando gema de ovo, verniz, óleo e
pigmentos, que conseguia moemdo terra colorida. Quando as telas
ficavam promtas ele construía as molduras.
Texto baseado em informações do site www.recreionline.abril.com.br
Prrriiir!!
Os meninos tinham um campinho de futebol ao lado da
estação de trem tanto treinaram e tanto jogaram que até acabaram
organizando um time direitinho com camisetas chuteiras traves e juiz
mas logo no primeiro dia de jogo o diretor da ferrovia chegou para eles
e disse jogar pode mas sem juiz senhor diretor aí não dá mas por que
sem juiz é que toda vez que ele apita uma falta parte um trem.
CARVALHO, S. Construindo a escrita: gramática e ortografia. São Paulo:
Editora Ática, 2002.
Uma criatura incrível
O jacaré é um animal noturno. O jacaré parece um animal préhistórico,
e a aparência do jacaré é grotesca e a pele do jacaré é
super resistente.
O jacaré possui mandíbulas poderosas capazes de partir uma
árvore ao meio, mas o jacaré é uma presa fácil para o ser humano.
Ele mata o jacaré e vende a pele do jacaré.
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO E REESCRITA
ATIVIDADE 1
1. Nós damos o começo da história e você narra o meio e o fim. Não esqueça de
fazer um título adequado.
__________________________________
Serginho encontrou um sapinho solitário e imediatamente o adotou. Pegou-o com
muito cuidado, colocou o bichinho no bolso e, com o coração aos pulos, foi pedir à
mãe para ficar com ele:
- De jeito nenhum! – disse ela.
Foi aí que Serginho se lembrou de um jeito infalível de convencê-la...
Ele tentou de tudo e tentou insistiu que a mãe de sergio deixou o sérgio
ficou com o sapinho. E eles ficaram brincando de muitas coisas. E o sapinho
comia isetos no café do manhã, e dormia imbaixo da cama de Sergio. E
viveram felizes para sempre.
Paulo – 3º ano
Reescrever o texto acima.
ATIVIDADE 2
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO
Que tal escrever com seus colegas uma receita diferente e, depois publicá-la no
mural da escola, junto com as histórias que vocês produziram?
Preparando
Antes de começarem a escrever, leiam a seguir uma receita de bruxa. Prestem
bastante atenção como foi escrito:
Poção da Infelicidade
Ingredientes
1 litro de lágrimas
2 xícaras (de chá) de inveja
3 colheres (de sopa) de mágoa
1 colher (de café) de angústia
Modo de fazer
Ferva as lágrimas
Acrescente a inveja e mexa bem
Sem parar de mexer, acrescente a mágoa e a angústia
e deixe ferver mais cinco minutos.
Desligue e deixe esfriar.
Atenção: Não prove, pois uma colher de sopa equivale a um dia de
infelicidade.
Vamos combater a poção da bruxa?
Então sejam criativos e escrevam uma receita para deixar as pessoas bem felizes!
1. Com seus colegas, escreva no caderno os ingredientes e as quantidades.
2. Expliquem como se faz a poção de vocês, bem detalhadamente.
3. Indiquem se vai ao forno, na panela...
4. Determinem o tempo de preparo.
5. Escolham um nome para a receita da poção.
Revisando
Revisem o texto que vocês escreveram, verificando se:
a) está dividido em duas partes: ingredientes e modo de fazer;
b) contém todos os ingredientes necessários;
c) apresenta detalhadamente como fazer a poção;
d) foi dado um nome adequado à poção.
Publicando
1. Passem o texto a limpo em uma folha avulsa.
2. Ilustrem a receita com desenho ou colagem.
3. Exponham a receita da poção que combate a poção da bruxa no mural da sala.
ATIVIDADE 3
Continuando a história...
Imagine que Iara inconformada com a situação da água do rio em que habitava,
pediu ajuda ao seu amigo Curupira, para descobrir o que estava acontecendo. Então
Curupira resolveu seguir o leito do rio em direção a cidade e encontrou com você e seus
amigos, juntos resolveram ajudá-lo.
Use da fantasia e não esqueça de contar:
Qual foi o problema encontrado por vocês?
O que vocês fizeram para resolver a situação?
Como Iara agradeceu?
A Iara pede ajuda para o Curupira e ele aseita ajuda-la ele vai marjeando
o rio daí ele vê eu e minha turma ele pede para ajudar ele e nós aceitamos e
continuamos seguir em frente logo adiante um homem jogando veneno no rio.
E daí pensamos no poblema e depois de horas minha amiga da a idéia de
nós ir na secretaria do Meio Anbiente. No dia seguinte fomos chegando lá
pedimos para falar com oreponsavel entramos na sala e pedimos a ele que
proibirem os venenos e ele deichou. No outro dia fomos contar a Iara ele
agardeseu. Fomos lá no dia seguinte ela deu um espelho de ouro para cada um
de nós.
Reescrever o texto acima.
ATIVIDADE 4
RELATÓRIO
Escreva um texto caprichado relatando como foi o passeio que fizemos pelos pontos
turísticos de Curitiba?
Preparando
1. Quem foi: a(s) turma(s), professor(es) e outros.
2. Em que dia foram, a hora que saíram e voltaram do passeio.
3. Qual o meio de transporte foi usado.
4. No seu caderno, anote os lugares visitados e o que viu lá: Bosque do Alemão
(mirante, Casa da Bruxa, trilha de João e Maria), Parque Tanguá, Ópera de Arame,
Bosque do Papa e Museu Niemeyer.
5. De que mais gostou e por quê.
6. Alguma coisa interessante que ocorreu durante o passeio.
Revisando
1. Leia o texto, observando se:
a. não esqueceu da data, hora e quem foi ao passeio;
b. não esqueceu de mencionar alguma atividade ou local visitado;
c. mencionou de mais gostou e se ocorreu algo interessante durante o
passeio;
d. as palavras estão grafadas corretamente;
e. a pontuação foi utilizada adequadamente.
2. Troque a sua produção com um colega, para que um revise o texto do outro.
3. Leia com atenção o texto do colega e sugira alterações, se forem necessárias.
4. Releia seu texto, considerando os comentários do colega.
5. Se for preciso, faça as alterações sugeridas.
Publicando
1. Depois de revisado e, se necessário, reescrito, passe o seu texto a limpo em uma
folha avulsa.
2. Procure uma foto ou desenhe um dos lugares visitados.
3. Não se esqueça de colocar seu nome.
4. Organize com seus colegas uma exposição dos textos produzidos.
Reescrita do relatório
Eu achei o paseio muito legal mesmo, principalmente o Bosque Alemão e o
bosque do papa, foi o melhor paseio da minha vida! Eu só sei que se você a
qualquer outro lugar, eu não iria, a mehor parte foi a história da bruxa e o
parquinho, se eu não fosse no passeio eu não sei o que eu faseria, só sei que
quoisa boua é que não seria, conhecio o Bosque Alemão, eu nunca nem ouvi
fala do Bosque Alemão, ele é o melhor parque do mundo a eu não posso
esquecer, passar na frente do Museu foi bem legal, demais.
ATIVIDADE 5
Anúncio Classificado
No dia de seu aniversário, você ganhou aquele bichinho de estimação que tanto queria.
Após alguns dias, você acorda, escova os dentes, troca de roupa e vai alimentá-lo. Você o
chama, mas ele não vem. Então, percebe que ele desapareceu...
Preparando
1. Pense para quem você vai escrever (amiguinhos, adultos, vizinhos...)
2. Escreva em letras bem grandes PROCURA-SE.
3. Use uma folha avulsa para escrever o classificado.
4. Descreva as características físicas do animal: raça, tamanho, cor, jeito de ser (bravo,
tranquilo, mansinho ...)
5. Mencione o nome do seu bichinho.
6. Onde foi visto pela última vez.
7. Se houver uma pista, ou para entregar o bichinho, coloque o contato (seu nome,
endereço, telefone, e-mail).
Revisando
Com seu colega, leia o texto, observando se:
a. apresenta as principais informações sobre o bichinho;
b. informou seu contato;
c. está escrito com clareza;
d. utilizou adequadamente a pontuação;
e. as palavras estão grafadas corretamente.
Publicando
1. Passe a limpo numa folha resistente (cartolina, papel-cartaz etc.).
2. Se tiver uma fotografia, cole-a na folha.
3. Depois combine com os colegas onde irão colocar os classificados.
Reescrita de texto
PROCURA-SE !!!
Um cachorro da raça SHIUAUA de 39 centímetros. O cachorro é beje claro com
manchas marrons e olhos pretos. O cachorro é manso e medroso, late muito, mas atende
pelo nome de BILÃ. Meu cachorro se perdeu no dia 30 de junho de 2009, na minha rua que
é Érico José de Mio, bairro Campina do Siqueira.
Se achalo, comunicar-se com Ana Paula
Telefone: 8847-8317
3374-1265
e-mail: anapaula@hotmail.com
Reconpensa-se bem!!
ATIVIDADE 6
Informativo científico
Beija-flor
A comida do beija-flor é néctar das flores.
Ele é muito pequenino.
O único pássaro que desafia a lei da gravidade, andar para trás.
O beija-flor gosta de ar puro.
E ele é muito, mas muito corajoso, pois ataca os seus inimigos onde vaza os
seus olhos.
Beija-flor é o único que consegue alimentar-se no ar.
Vive a maior parte do tempo parado no ar e nunca cansa.
Nair - 4º ano
Análise Lingüística de Texto
Texto 1
Aprimeira viagem do meu cachorro foi da
cidade até a fazenda no camião do meu pai.
Quando nós entramos, colocamos o bob na
caminha no nossos pés. Mais quando o camião
se movimentou ele subiu no meu colo para ver
o movimentos dos carros e das pessoas.
Quando chegamos na fazenda foi a maior
festa, ele coreu a trás das galinha e dos
carneiros pois ele nunca tinha estado em um
lugar de tantos animais.
Mas logo ele acostumou-se.
Partes do enredo:
•exposição ( ou introdução ou apresentação) é a parte na
qual se situa o leitor diante da história que irá ler;
•complicação ( desenvolvimento) é parte do enredo na
qual se desenvolve o conflito ou os conflitos;
•clímax é o momento culminante da história, isto quer
dizer que o momento de maior tensão, no qual o conflito
chega a seu ponto máximo;
•desfecho ou conclusão é a solução dos conflitos.
Gênero: Texto Narrativo

domingo, 11 de setembro de 2011

MULHER MADURA - VOCÊ MULHER QUE JÁ VIVEU...



A mulher madura, por Affonso Romano de Sant'Anna


O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes, ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras, a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo no repouso da graça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.A adolescente, com o brilho dos seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece os mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensa-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.A mulher madura está pronta para algo definitivo.Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.A mulher madura é um ser luminoso e repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não espera-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.Affonso Romano de Sant’Anna, 15 de setembro de 1985

MULHERES NA PRESSÂO - Marta Medeiros



“... Ainda desejamos provar para o mundo que yes, we can.Claro que as mulheres podem tudo, está sacramentado. Mas será que devemos querer tudo? Onde foi parar nosso critério de seleção? Já não sabemos distinguir o que é prioridade e o que pode ficar em segundo plano: tudo virou prioridade. E só uma mulher supersônica consegue ter eficiência absoluta em todos os quesitos: melhor mãe, melhor amiga, melhor filha, melhor namorada, melhor esposa, melhor profissional, melhor dona-de-casa e melhor bunda. É morte por exaustão na certa.Eu proponho, nesse Dia Internacional das Mulheres, que a gente dê uma folga para nós mesmas. Vamos mudar de assunto. Que se pare de falar de mulheres que conseguiram engravidar aos 57 anos, que perderam 30 quilos em duas semanas, que beijaram 28 caras em duas noites de carnaval, que aprenderam a ganhar dinheiro sem sair de casa, que visitaram 46 países nos últimos dez anos, que sobreviveram a tragédias, que conseguiram domar as melenas, que são executivas completas, que possuem duas centenas de sapatos, que três semanas depois de separar já estão felizes nos braços de outro, que preparam um risoto de funghi em dez minutos, que têm disposição para rolar no chão com os filhos, que assistiram todos os filmes em cartaz, que aparentam ter 15 anos menos, que exibem uma barriga de tanquinho um mês depois de parir, que lembram trechos dos clássicos que leram na época da faculdade, que superaram traumas, que arranjam tempo para fazer pilates, ioga, musculação e drenagem linfática. Dá orgulho, eu sei, mas é uma competência e uma autopromoção que beira o irreal.Estou com saudade de ler e ouvir sobre as adoráveis qualidades dos homens. Eles merecem voltar a ser valorizados. Isso ajudaria a reduzir nosso estresse e a nos dar uma situada. Com menos holofotes, deixaremos de nos cobrar tanto e recuperaremos um pouco da paz de nossas avós.”Martha Medeiros, 8 de março de 2009.

VICTOR MANUEL E MARAVILHAS

LA MUSICA Y LOS ESTADOS SUPERIORES DE CONCIENCIA

VICTOR MANUEL GUZMAN VILLENA

el colibri dorado


Cada mañana el pianista rumano Dinu Lipatti tocaba la coral de Bach, Y cada día ejecutaba esta pieza con mayor claridad y sencillez. Enfermo de leucemia dio su último concierto, en plena ejecución le fallaron las fuerzas y no pudo interpretar hasta el final el programa previsto. Se despidió con la coral, sin fuerza ya, tocó la pieza hasta la línea que dice: “Él es la fuerza de mi vida”. Los espectadores quedaron profundamente impresionados pero experimentaron una profunda calma interior, era como abrirse el cielo y todos se volvieron uno que partían junto con el Maestro que acaba de morir.

Si aprendemos a escuchar de vez en cuando una cantata de Bach, nos sumergimos en la música: dejamos que la música penetre en nuestros oídos, en nuestro corazón, en todo nuestro cuerpo renovándonos. Y esto nos ayudará a recogernos, y con frecuencia cada vez que escuchemos a Bach sentiremos una profunda quietud, más intensa y larga. Allí nos sentiremos protegidos por el misterio de la música penetrando con amor. La música nos sume en una profundidad que no siempre alcanzamos a través del silencio, ya que la música nos recoge y nos lleva a lo profundo, de esta suerte se eleva nuestros corazones y almas.

Para mí y para muchas personas la música es una importante senda hacia la quietud; nadie debería privarse de este camino, Otras personas pueden vincular la senda de la meditación en silencio con la música. La meditación en silencio las abre para la música; y, cuando después de meditar, escuchan música, la perciben con intensidad aún mayor.

Al final del día, muchas personas carecen de energía para leer algo o simplemente no les gusta. Tampoco son capaces de concentrarse cuando quieren calma: están demasiado cansadas para ello. Por lo que a menudo lo que hacen en sentarse frente al televisor con la esperanza de sosegarse. Pero ocurre lo contrario, la televisión produce stress con tantas imágenes que ni siquiera durante el sueño nocturno pueden desprenderse de ellas y más bien producen una sobrecarga de tensión que repercute en el organismo y provoca la aparición de enfermedades y anomalías patológicas que impiden el normal desarrollo y funcionamiento del cuerpo humano. Por ello es importante configurar una situación consciente para aprovechar con alegría las últimas horas del día. Esa posibilidad es elegir música con criterio y exponerse a ella. Cada cual tiene su música preferida e intuirá qué es lo que le conviene. Al elegir la música escuchamos nuestro interior para reconocer qué es lo que en este preciso momento puede hacernos bien.

Con frecuencia podemos escuchar una cantata de Bach, a veces un concierto de violín o piano de Mozart, una sinfonía de Beethoven, el vals de Strauss o la música de cámara de Vivaldi, para citar unos pocos. Así que aunque estemos molestos o enfadados, al escuchar la música, iremos cediendo y dando paso a un profundo anhelo de amor, tal como es la infinita belleza de la ...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

PSIQUÊ/ LIMITES NA ADOLESCÊNCIA






Dossiê
Os limites no final da Adolescência
São os limites impostos pelo orgânico, o anímico, o familiar e o social que marcam a adolescência, particularmente a sua etapa final, e que impactam a vida emocional, podendo gerar comportamentos defensivos

Por Gleyp Costa






Em 1977, a OMS definiu como adolescência a etapa da vida compreendida entre os 10 e os 20 anos de idade – período geralmente subdivido em três fases pelas estatísticas de saúde pública: inicial (10 a 13 anos), média (14 a 16 anos) e final (16 a 20 anos). Contudo, atualmente, a tendência é situá-la entre os 15 e os 24 anos, idade em que uma parte expressiva dos filhos ainda reside com os pais e deles depende economicamente. Além desse prolongamento da adolescência, consta-se um apagamento de suas fronteiras, que se estabelece em consonância com a progressiva liquidez dos vínculos humanos, apontada por Bauman (2003) em sua análise sociológica da pós-modernidade. Como resultado, o termo “adolescência” tornou- se sinônimo de comportamentos característicos das dificuldades inerentes a essa etapa crucial do desenvolvimento, entre os quais se destaca a desobediência aos limites. Não obstante, são os limites impostos pelo orgânico, o anímico, o familiar e o social que marcam a adolescência, particularmente a sua etapa final. Neste trabalho, vamos abordar alguns desses limites e seu impacto na vida emocional do adolescente, gerando, em muitos casos, comportamentos defensivos.

Um importante limite se impõe ao adolescente por volta dos 18 anos, em consequência da culminação do processo de destituição da autoridade paterna, quando então se vê na contingência de renunciar à ilusão de contar para sempre com um pai supridor e substituí-lo por outro, cuja tarefa consiste tão somente em sustentar palavras. Essa mudança ocorre simultaneamente com o fortalecimento do erotismo genital, em boa medida, até então, investido no crescimento do corpo e experimentado sob a forma de gozo orgânico. A partir desse momento, rompe-se o limite determinado pela discrepância, vigente desde o início da vida, entre a pulsão e a capacidade de satisfazê-la, tornandose o seu desenlace através do coito impostergável. Com o descenso do ideal endogâmico, o adolescente ingressa em um novo espaço conotado com um signi ficado diferencial a partir do estabelecimento de metas ligadas às atividades laborais e ao amor em um contexto extrafamiliar (Maldavsky, 1992).



Impacto e os desdobramentos anímicos do final da adolescência
Paulo, atualmente com 36 anos, queixa-se de apresentar períodos de desânimo, de facilmente sentir-se diminuído diante dos colegas de profissão e, com alguma frequência, de julgar que desconhecidos estão pondo dúvida em sua masculinidade. Quando procurou a ajuda de um analista, acabara de se separar de sua primeira esposa, e seus sintomas haviam piorado bastante, a ponto de encontrar-se com dificuldade para trabalhar. Aos 17 anos, Paulo sentia-se muito franzino para enfrentar os colegas da escola e com sérias dificuldades de se aproximar das garotas de sua idade. Acredita que foi a partir dessa idade que começaram a surgir os seus sintomas, atenuados na ocasião com a compra de uma moto. A aquisição de motos e carros mais potentes e mais valiosos, aliás, tem sido uma tônica na vida de Paulo, ocorrendo sempre que se sente diminuído. Muitos outros detalhes da vida desse paciente reforçam a constatação evidenciada pela clínica e desenvolvida neste trabalho de que um número bastante grande de indivíduos não consegue superar os limites dos contingenciamentos físicos e emocionais do final da adolescência, determinando o surgimento de sintomas que tendem a se agravar com as exigências da vida adulta e a perda real dos pais. No caso de Paulo e de muitos outros, de ambos os sexos, torna-se evidente o caráter homossexual desse aferramento à figura paterna.







O caminho do crescimento


Segundo a OMS, adolescência está entre os 10 e os 20 anos de idade. No entanto, a tendência é situá-la entre os 15 e 24 anos, pois é grande o número de jovens que ainda dependem economicamente dos pais
No entanto, o sucesso nessa incursão em espaços e vínculos extrafamiliares somente é atingido após o percurso de um caminho difícil ao longo das etapas anteriores da adolescência, com barreiras que cobram, para serem ultrapassadas, a elaboração de lutos, o estabelecimento de novas representações, a constituição de novas identificações e, como meta mais exitosa, o acesso a formas de maior complexidade nas relações com o outro – uma conquista que institui a alteridade e, por consequência, a genitalidade adulta. Quando, então, tudo o que era percebido como quantidade se organizará como qualidade psíquica, e o desejo buscará o além de mim. Nessa caminhada, o indivíduo não encontrará jamais a satisfação plena e definitiva, mas construirá sentidos para a sua vida em uma gama infinita de possibilidades na sua relação com o desconhecido outro. Nesse respeito pelo desconhecido, nascem a ética e a hospitalidade no relacionamento humano. No plano amoroso, o princípio de autoconservação se entrelaça com o princípio de conservação da espécie sob a égide da pulsão sexual (Levinas, 1961; Ventura e Royo, 1994; Derrida, 2003; Nosek, 2009).

Ao mesmo tempo, o pré-consciente se reestrutura com base na realidade consensual, admitindo a incompletude humana e o juízo sobre a inevitabilidade da morte, particularmente após a perda de entes queridos que, a partir dessa etapa da vida, começam a ocorrer naturalmente. Isso é possibilitado pela hegemonia do ego real definitivo e do juízo de existência conferido por esse desenvolvimento egoico, quando, então, o indivíduo adquire a capacidade de sublimar as aspirações pré-genitais, as quais vão gerar a pulsão social, que reinveste a representação grupo no contexto laboral e institucional.

Não obstante, essa abertura para o universo exogâmico não raro revela impasses e disfarces, os quais se expressam, de um lado, pelo estancamento libidinal e, de outro, pela pseudomaturidade como forma de evitar as exigências da vida adulta. Nessa linha, o esporte, a arte, a religião e até mesmo o estudo são canais que, muitas vezes, facilitam essa fuga. Por outro lado, o uso exagerado de mecanismos de defesa, como a desmentida e a desestimação, pode gerar, com o tempo, graves manifestações psicopatológicas, entre as quais psicoses, perversões e enfermidades psicossomáticas.



Grande parte dos indivíduos não consegue superar os limites físicos e emocionais do final da adolescência, determinando o surgimento de sintomas que tendem a se agravar na vida adulta



O termo “adolescência” tornou-se sinônimo de comportamentos característicos das dificuldades inerentes a essa etapa crucial do desenvolvimento



Tipos de libido

A libido estancada pode ser de dois tipos: narcisista e objetal. No estancamento da libido narcisista, a angústia se apresenta como pânico hipocondríaco, prevalente nos adolescentes que desenvolvem condutas aditivas. No estancamento da libido objetal, um sadismo irrefreável não tem objeto sobre o qual recair, promove um tipo particular de afeto tóxico e gera uma angústia violenta que não pode ser processada, se transformando em estado letárgico, no qual falta o matiz afetivo que confere qualidade aos processos pulsionais. Entretanto, na maioria das vezes, essas manifestações dos estados de êxtase libidinal narcísica e objetal são episódicas, não chegando a se estruturar como quadros estáveis (Almasia e Scokin, 1994).

De fato, a desmentida da perda do pai provedor implica um esforço por conservar uma posição homossexual, sendo que, no caso da mulher, a meta geralmente é feminilizar a figura paterna. Os adolescentes se rebelam não apenas contra o que os pais procuram sustentar com suas palavras e certas normas impostas pela sociedade, mas também contra seus próprios processos intrapsíquicos que percebem conduzi-los a uma vida adulta inevitável (Maldavsky, 1992).



• Reelaboração do narcisismo •
Há hoje uma notória ênfase à profunda submissão do adolescente a um estado de aparente plenitude e ao prazer imediato. Essa busca frenética pela felicidade absoluta é muito discutida pelo sociólogo Zygmunt Bauman. Suas obras são referência na análise da sociedade líquida. O médico e psicanalista José Outeiral tem em sua obra Adolescer o cenário dos conflitos desta pós-modernidade. Alguns traços como velocidade, cultura do descartável, banalização, fragmentação, mundo de imagens, virtualidade, globalização, dessubjetivação, desterritorialização, des-historicização, entre outros fatores são abordados na evidência de incertezas e dúvidas diante de uma adolescência cada vez mais precoce.




REFERÊNCIAS
ALMASIA, A. e SCOKIN, M. S. “Transformaciones en la adolescencia media”. In: NEVES, N. e HASSON, A.
(1994). Del suceder psíquico: Erogeneidad y estructuración del yo en la niñez y la adolescência. Buenos Aires: Nueva Visión.
BAUMAN, Z. (2003). Amor líquido: Acerca de La fragilidad de los vínculos humanos. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2005.
DERRIDA, J. “Desconstruindo o terrorismo”. In: BORRADORI, G. (2003). Filosofi a em tempo de terror: Diálogos com Habermas e Derrida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
FREUD, S. (1905[1901]). Fragment of an analysis of a case of hysteria. S.E., V. 7.Londres: Hogarth Press, 1975.
_______ (1911). Psycho-Analytic notes on an autobiographical account of a case of paranoia (dementia paranoides). S.E., V. 12. Londres: Hogarth Press, 1975.
LEVINAS, E. (1961). Totalidade e infi nito. Lisboa: Edições 70, 1988.
MALDAVSKY, D. (1992).Teoria y clinica dos processos tóxicos: Adicciones, afecciones psicossomáticas, epilepsias. Buenos Aires: Amorrortu.
NOSEK, L. (2009). “Corpo e infi nito: notas para uma teoria da genitalidade”. 46º IPA Congress, Chicago.
VENTURA, A. e ROYO, S. “Adolescência tardia”. In: NEVES, N. e HASSON, A. (1994). Del suceder psíquico:
Erogeneidad y estructuración del yo en la niñez y la adolescência. Buenos Aires: Nueva Visión.

Gleyp Costa é membro titular e didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA)


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sobre o livro TEIAS de Maria Tereza Maldonado

TEIAS

É possível mudar em qualquer época da vida. No entanto, fazer mudanças significativas para estimular nosso desenvolvimento pessoal não é tarefa fácil. Exige determinação, persistência e a consciência de que somos responsáveis por nossas escolhas, com o poder de construir nossos caminhos.

LIMITES NA INFÂNCIA

Dossiê
Limites na infância
A dificuldade que os pais sentem em estabelecer limites pode advir de fantasias criadas antes mesmo do nascimento da criança. O limite deve ser entendido de forma mais ampla e num sentido restrito do termo

Por Rosa Lang


No final do século XVIII, a infância passou a ter um lugar de destaque na família e na sociedade. Até então, era vista como um adulto em miniatura. Com a descoberta de Freud de que “os histéricos sofriam de reminiscências” (1893), o foco da pesquisa da origem da doença psíquica se deslocou do presente para o passado do paciente.
O estudo desses processos inconscientes e da gênese dos conflitos neuróticos resgatou o infantil no adulto, com a reconstituição dos acontecimentos infantis. Com o conhecimento dos processos primários, do desenvolvimento da libido (oral, anal e fálica), da amnésia infantil, agressão e repressão, Freud abriu as portas ao mundo mental da criança e o seu adoecimento psíquico.
À medida que as descobertas da Psicanálise avançavam, surgia nos psicanalistas o interesse na adoção de medidas educativas que pudessem prevenir os sintomas neuróticos. O conceito de repressão, sexualidade e agressão contido na primeira tópica do aparelho psíquico teve uma repercussão na educação das crianças na época.
A partir da segunda metade do século XX, a sociedade sofreu grandes mudanças e, dentre estas, a repressão passou a ser vista como sinônimo de frustração e neurose: a liberdade do sexo e maior permissividade ao comportamento agressivo, sendo o slogan dos jovens “é proibido proibir”. E qualquer limite deveria ser rompido.

Limites na escola
Nos dias de hoje, uma das queixas mais frequentes dos pais e da escola é a dificuldade de se colocar limites. Sendo proibido proibir, tudo passa a ser permitido, dificultando o amadurecimento da criança e o perceber do outro, já que o outro se constitui na diferença do eu. Limite é proteção, é algo que nos faz crescer como sujeito inserido numa sociedade. A criança sem esta proteção e cuidado pode buscar o limite em situações de risco. Os trabalhos de Winnicott sobre Distúrbios Antissociais mostram relação entre privação e delinquência. A mentira, o roubo e atitude antissocial são, muitas vezes, maneiras extremas de buscar a atenção que faltou. Para o autor acima citado, a criança que rouba ou mente busca o objeto e, nesta atitude, existe a esperança de encontrá-lo.



O bebê recebe as projeções e transferências dos pais, que ajudam na constituição do seu vínculo parental e familiar, mas que podem criar uma barreira afetiva que distorce a comunicação mãe-bebê
No entanto, Freud (1911) fala da importância do domínio do Princípio do Prazer pelo Princípio da Realidade na organização psíquica e aponta como as transformações do ego prazer em ego realidade permitem à criança ser capaz de adiar satisfações tão necessárias à vida.
No entanto, isto só seria possível com a superação do princípio do prazer pela recompensa de não perder o amor do objeto. Entretanto, completa Freud, “falha, se uma criança mimada pensa que possui esse amor de qualquer jeito e não pode perdê-lo, aconteça o que acontecer” (p. 284). O amor sem limites é importante na primeira infância, quando o bebê precisa de uma atenção integral, contudo, na medida em que vai se tornando sujeito inserido numa sociedade, precisa introjetar a lei e as normas sociais para o convívio com o outro, ou seja, sair do narcisismo em direção à relação objetal.
A dificuldade que os pais sentem em estabelecer limites pode advir de fantasias criadas antes mesmo do nascimento da criança – o bebê idealizado. O bebê, ao nascer, recebe as projeções e transferências materna e paterna. Essas projeções e transferências são estruturantes quando buscam identificar no bebê semelhanças com os outros membros da família. Neste sentido, ajudam na constituição do vínculo parental e familiar.

Freud fala da importância do domínio do Princípio do Prazer pelo Princípio da Realidade na organização psíquica



A sociedade passou por mudanças. Antigamente, a criança era vista como um adulto em miniatura
Contudo, nem sempre ocorre assim. Os lutos não elaborados, a rivalidade entre irmãos, segredos, doenças familiares, culpas e outros conflitos podem ser reativados com a gravidez e o nascimento desse bebê. Estes fantasmas criam uma barreira afetiva na percepção do bebê real, distorcendo a comunicação mãe-bebê, interferindo na capacidade de reverie (imaginação) da mãe.
O limite deve ser entendido de forma mais ampla e num sentido restrito do termo. O primeiro trata da capacidade parental de atender às necessidades vitais do bebê de conter e traduzir as angústias primárias e sustentar emocionalmente o bebê. Estas sustentação e contenção contínua funcionam como este continente-limite, em que se criam as condições do psiquismo se desenvolver plenamente, principalmente no primeiro ano de vida. O bebê, no contato com o corpo materno, vai estabelecendo as fronteiras entre o eu e o mundo externo; base para a formação da representação mental de um corpo contornado por eu-pele que o delimita do não eu. E a realidade fora da órbita simbiótica passa a ter existência. Nos chamados transtornos globais do desenvolvimento, a percepção deste aspecto corporal não pode ser totalmente alcançada. A criança mantém a fantasia de um corpo único – dois em um.
Frustração e prazer
Na medida do crescimento físico e emocional, o bebê passa a explorar o mundo ao redor e outras necessidades vão surgindo. O bebê que tudo podia começa a se dar conta dos primeiros limites – dos primeiros nãos. A relação prazerosa com a mãe cria condições de o bebê suportar melhor a frustração e adiar o prazer. No entanto, quando as transferências e projeções alienantes ocorrem e o bebê não é visto, a qualquer sinal de frustração ele reage de maneira intensa com choro, crises de birra, raiva, já que a resistência à frustração é mínima. A partir do segundo ano de vida, com a aquisição do domínio motor, a criança reage à dor e à frustração com uma hiperatividade física que funciona como uma comunicação, da mesma maneira que o choro foi um dia. Na medida do desenvolvimento psíquico, a criança passa a ter outras formas de elaborar a frustração, muitas delas próprias do crescimento. O brincar só ou na presença do outro é um desses recursos saudáveis da criança, que passa a ser o termômetro de saúde mental.

A difi culdade que os pais sentem em estabelecer limites pode advir de fantasias criadas antes mesmo do nascimento da criança



Na medida em que vai se tornando sujeito inserido numa sociedade, a criança precisa aprender as normas sociais. No entanto, os pais sentem difi culdades em estabelecer limites
O limite neste momento do desenvolvimento tem o papel de proteção física, permitindo que gradativamente a introjeção do não ocorra em um processo imitativo dos pais.
O aparecimento da crise da oposição é a expressão desta identificação e, ao mesmo tempo, significa uma oposição ao objeto externo numa forma de autoafirmar o desejo de ser. Não ao objeto externo e, sim, para si mesmo.
O limite tem agora um sentido restrito. Visa à aquisição de introjeção da lei e da identifição- Édipo. A introjeção e a identificação farão parte do ego ideal pela saída do narcisismo primário e constituição do superego infantil.
A dificuldade de pôr limites que muitos pais sentem vem da culpa pela falta de tempo de se dedicar aos filhos. Eles acabam sendo permissíveis, na tentativa de compensar o incompensável. E, em alguns casos, acabam distorcendo a relação em que o ter afeto é substituído por ter presentes. O atendimento ilimitado aos desejos do filho e a incapacidade de manter firme a proibição cria distorção no relacionamento pais e filho, principalmente no aspecto do dar e receber. A inconstância parental em sustentar a lei mina a confiança da criança no objeto, que tem a função de ser um pilar no qual ela precisa para se constituir como sujeito.

• Quem ama, educa •


Psicoterapeuta de grande sucesso clínico e literário, Içami Tiba defende a adoção de regras na educação. Para ele, o bom e o mau exemplo influenciam a formação de crianças e adolescentes. Ele critica a falta de limites na criação dos filhos. Devido às atribulações da vida moderna, incluindo aqui a culpa pela falta de tempo, os pais não exigem comprometimento e não tornam seus filhos responsáveis. “Os filhos que não cuidam das próprias coisas, dos próprios pertences como brinquedos, roupas, entre outros, não vão cuidar dos pais na velhice. Essa educação tem que começar desde cedo, é o que eu preconizo no livro Quem Ama Educa, não simplesmente prover, cuidar e perdoar”, diz o autor. Segundo ele, os filhos, hoje, crescem como príncipes herdeiros, e não como sucessores empreendedores, que é o que a sociedade precisa.

REVISTA PSIQUE/ CIÊNCIA E VIDA / nº 68 / setembro-2011 - A melhor revista que Já assinei.